A Coreia do Sul pode aparecer no caminho do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo do Catar. Nesta sexta-feira (2), os Tigres Asiáticos venceram Portugal por 2 a 1, de virada, no Estádio Cidade da Educação, em Doha, garantindo a segunda vaga do Grupo H ao mata-mata.
Os europeus, classificados por antecipação, encerraram a chave na liderança, com seis pontos. Os sul-coreanos somaram os mesmos quatro pontos do Uruguai, mas ficaram à frente pelo número de gols marcados (quatro a dois). Para comemorarem a vaga nas oitavas, os asiáticos tiveram que aguardar a partida dos uruguaios com Gana, no Estádio Al Janoub, em Al Wakrah, chegar ao fim. A vitória sul-americana por 2 a 0 acabou sendo insuficiente.
É a terceira vez que a Coreia chega à segunda fase de uma Copa, em 11 participações. Curiosamente, na primeira ocasião, quando sediou o torneio, em 2002, a vaga também foi assegurada com uma vitória sobre Portugal (1 a 0). Atual técnico dos Tigres Asiáticos, o ex-volante Paulo Bento esteve naquele encontro, mas defendendo as cores portuguesas.
Nas oitavas, a Coreia do Sul terá pela frente o líder do Grupo F, que pode ser o Brasil. O duelo será nesta segunda-feira (5), às 16h (horário de Brasília), no Estádio 974, em Doha. Já a seleção de Portugal enfrentará o segundo colocado da chave brasileira, que ainda reúne Camarões, Sérvia e Suíça, todos com chance de classificação. A partida será na terça-feira (6), às 16h, no Estádio de Lusail.
O técnico de Portugal, Fernando Santos, cumpriu o que disse na quinta-feira (1º) e aproveitou o fato de a seleção estar garantida nas oitavas para rodar o elenco. Sem Nuno Mendes, que sofreu uma lesão na coxa na vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai e está fora da Copa, o treinador optou pelo também lateral Diogo Dalot, colocando-o na direita e deixando João Cancelo na esquerda. Na zaga, António Silva ficou no lugar do pendurado Rúben Dias. A partir do meio-campo, o volante Rúben Neves e o atacante Cristiano Ronaldo foram os únicos titulares escalados, com Vitinha, Matheus Nunes, João Mário e Ricardo Horta nas vagas, respectivamente, de Willian Carvalho, Bernardo Silva, Bruno Fernandes e João Félix – os dois últimos já com um cartão amarelo.
Suspenso pela expulsão na derrota por 3 a 2 para Gana, Paulo Bento fez alterações nos três setores do time sul-coreano, mas manteve a equipe no 4-3-3. Na zaga, Kwon Kyung-Won ficou com a vaga de Kim Min-Jae, que lesionou o tornozelo contra os Estrelas Negras. No meio de campo, Lee Jae-Sung recuperou o posto de titular, no lugar de Kwon Chang-Hoon. Já no ataque, Lee Kang-In foi escolhido para atuar ao lado de Cho Gue-Sung e do craque Son Heung-Min, ao invés de Na Sang-Ho.
O menor entrosamento de quem estava em campo não foi problema aos portugueses, que abriram o placar aos quatro minutos com participação de dois dos “reservas”, que souberam aproveitar a adiantada marcação sul-coreana. Lançado na ponta direita pelo zagueiro Pepe, Dalot cruzou e Ricardo Horta mandou de primeira para as redes. Aos 14, Cancelo recebeu pela esquerda, foi à linha de fundo e bateu rasteiro, buscando Ronaldo na pequena área, para defesa do goleiro Kim Seung-Gyu.
A Coreia respondeu dois minutos depois, com um gol anulado de Kim Jin-Su. O lateral estava impedido no rebote do goleiro Diogo Costa, após cabeçada de Cho, que completou, na primeira trave, o cruzamento pela esquerda de Son. Aos 26, nova bola alçada na área, desta vez por Kang-In, em escanteio da esquerda. A cobrança desviou, ironicamente, nas costas de Ronaldo e sobrou para o zagueiro Kim Young-Gwon, agora em posição legal, deixar tudo igual.
A necessidade sul-coreana de buscar a virada e a tranquilidade de Portugal pela classificação antecipada deixaram o duelo aberto. Aos 34 minutos, Dalot exigiu boa defesa de Seung-Gyu, que se esticou no canto esquerdo para defender o chute rasteiro do lateral, da entrada da área. Sete minutos depois, o goleiro teve a sorte de Ronaldo desperdiçar o rebote, para o meio da área, de uma finalização de Vitinha, da meia-lua. Aos 43, o camisa 1 salvou a conclusão de Ricardo Horta, na área, após cruzamento de Dalot, pela direita.
Se antes do intervalo a presença portuguesa à frente era um pouco maior, o segundo tempo foi praticamente todo da Coreia. Faltava, porém, maior precisão na conclusão. Aos dez minutos, Son partiu em contra-ataque e não virou o placar porque foi travado, na hora H, por António Silva. Onze minutos depois, In-Beon recebeu na meia-lua e bateu forte, para boa defesa de Diogo Costa.
Aos 45 minutos, enfim, a pressão surtiu efeito. Recuperado de uma lesão muscular que o tirou dos primeiros jogos, o atacante Hwang Hee-chan – que havia entrado em campo 25 minutos antes – recebeu de Son em contra-ataque e bateu na saída de Diogo Costa, virando o marcador. A festa sul-coreana, porém, ainda dependia do resultado de Uruguai e Gana, já que os sul-americanos, que venciam por 2 a 0, precisavam de apenas um gol para ficar com a vaga. Foram quase dez minutos de drama, até o apito final soar em Al Wakrah e explodir a torcida asiática em Doha.