Petrobras encolhe 10% na Bolsa por receio de ingerência política

As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras registram desvalorização de cerca de 10%, em reação à mudança na Lei das Estatais aprovada a toque de caixa pelo Congresso na noite de ontem (13/12).

Trata-se da pior queda diária desde fevereiro de 2021, quando as ações despencaram 20% em apenas um pregão, consequência da decisão do presidente Jair Bolsonaro de destituir Roberto Castello Branco da presidência da empresa por razões políticas.

Desta vez, os investidores estão aderindo ao movimento de venda das ações pelo receio da indicação de um nome do bojo petista para o comando da petroleira. O projeto de lei aprovado na noite de terça reduz o período de “quarentena” a ser cumprido pelos políticos antes de assumirem um cargo em uma empresa pública de 36 meses (3 anos) para 30 dias.

O texto teria sido aprovado para permitir a indicação de Aloizio Mercadante à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O político petista teve a nomeação confirmada ontem por Lula, mas tinha em seu caminho a restrição da “quarentena” da Lei das Estatais, uma vez que atuou como coordenador político na campanha do futuro presidente.

Embora a emenda tenha sido pensada, a princípio, para beneficiar Mercadante, ela também abriria caminho para Lula indicar um aliado para a Petrobras. Até agora, o principal candidato à vaga seria o senador Jean Paul Prates, outro nome que, em tese, poderia ser barrado pelo dispositivo agora extinto da Lei.

Pior queda desde Castello Branco

A queda de quase 10% entra na história da petroleira como a pior desde 20 de fevereiro de 2021. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro decidiu rifar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras, por estar insatisfeito com a disparada da gasolina e diesel e as consequências negativas para a popularidade de seu governo.

No dia em que anunciou oficialmente a saída de Castello Branco, as ações caíram 20%. A debandada dos investidores se deu pelo mesmo motivo de agora: o risco de ingerência política sobre o comando da Petrobras.

O agravante do quadro atual é que os governos petistas têm um longo histórico de interferência sobre as estratégias da empresa. Para além de todos os casos de corrupção investigados no âmbito da Lava-Jato, a Petrobras custeou uma política de represamento de preços em uma época em que a cotação do petróleo estava em alta no exterior.

Durante a segunda gestão de Dilma Rousseff, a petroleira tirou dinheiro do caixa para comprar combustíveis no mercado internacional a um preço elevado e, então, revender para os postos brasileiros por um preço menor.

O subsídio indireto teria custado algo como R$ 100 bilhões para a Petrobras – recursos que poderiam ter sido investidos no crescimento da empresa, na cadeia de petróleo e até revertidos como lucro para o próprio governo, que é o maior acionista da empresa.

 

Fonte: Metrópoles

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