O ano era 1991 e uma professora do Colégio Objetivo, em Santos, pediu que os alunos escrevessem uma redação cujo tema era “o meu maior ídolo”.
Torcedor do Peixe, Luciano Fitochi tinha 12 anos e vinha empolgado pelo cinquentenário de Pelé em outubro de 1990. Por isso, fez um texto sobre o Rei, morto no último dia 29, aos 82 anos.
Pelé com o torcedor Luciano Fitochi, em 1991 — Foto: Arquivo pessoal
O que ele não podia imaginar, porém, é que o texto cairia nas mãos de Edson Arantes do Nascimento. E que, por conta disso, ele seria chamado para passar um dia inteiro na casa do Rei, no Guarujá, num condomínio chamado Jardim Acapulco, de frente à praia de Pernambuco.
– O médico dele era o mesmo médico da minha avó Dora. Quando ela mostrou pra ele, ele sugeriu: “O Luciano não quer passar um dia na casa do Pelé?”. Então eu fui. Lembro que assisti do lado dele o jogo Bragantino x São Paulo, a final do Brasileirão de 1991, o 0 a 0 em Bragança Paulista (no segundo jogo). Cheguei lá de manhã, ele acordou, nós comemos churrasco na casa dele e foi sensacional.
Luciano Fitochi conta que, antes de interagir com Pelé, o Rei bateu bola em seu quintal com um amigo. Depois, recebeu até conselhos do ex-jogador.
– Ele jogava um futevôlei diferente, era só ele contra um outro cara, não era em dupla. Um sacava e o outro dominava e devolvia. Depois disso lembro que conversamos, ele me perguntou como eu ia na escola e falou da importância de eu estudar – disse Luciano, que hoje, aos 43 anos, é dentista.
Além de Luciano, estava na casa também o advogado Samir Jorge Abdul-Hak, que depois seria presidente do Santos entre 1994 e 1999, inclusive no vice-campeonato brasileiro de 1995.