O Vasco conquistou, na noite da última quarta-feira, sua primeira vitória no Campeonato Carioca de 2023 ao bater a Portuguesa por 2 a 0, no Estádio Luso-Brasileiro. Foi o primeiro jogo oficial que o time titular de Mauricio Barbieri fez na temporada. Ainda em fase de formação de identidade e com expectativa por mudanças até o Brasileirão, a equipe fez uma partida protocolar contra um adversário frágil.
O primeiro tempo do Vasco não foi bom. O time criou pouco volume ofensivo e viu a Portuguesa dominar e chegar à frente em mais momentos. Sem compactação e pouco ágil nas transições, a equipe de Barbieri havia finalizado apenas três vezes ao gol adversário até os 44 minutos.
E, por mais que o adversário seja inferior, a Portuguesa não é boba e soube usar seus jogadores mais experientes no primeiro tempo, tanto que foi para o intervalo com sete finalizações e obrigando o goleiro Ivan a fazer uma defesa difícil quando o Vasco vencia por 1 a 0.
O gol foi o melhor momento do clube visitante na etapa inicial. Jogada que passou pelos pés dos dois laterais contratados para a temporada e que se mostram como surpresas muito positivas após três jogos, contando os dois amistosos nos Estados Unidos. A invertida de bola de Pumita para Eguinaldo na esquerda foi coisa linda, e a jogada terminou com cruzamento de Lucas Piton para Nenê marcar logo aos 13 minutos iniciais.
O lateral-esquerdo foi um dos melhores em campo, e isso aconteceu também por conta da variação da formação tática de Barbieri. Ora empurrado para a ponta, ora construindo por dentro, em razão da saída de três com os zagueiros e Zé Gabriel, Piton foi bem acionado. A inversão de bolas foi uma estratégia muito usada nos amistosos e que se repetiu na Ilha do Governador.
Sobre Nenê, que vive uma relação de amor e ódio com a torcida, é indiscutível que o meia de 41 anos é muito útil ao Vasco. Até pela idade, vem jogando desde o ano passado mais como uma espécie de segundo atacante, próximo do centroavante. E é decisivo. Em 2022, foi o vice-artilheiro do time e o líder em assistências. Neste ano, em três jogos já anotou dois gols. É fato que o clube precisa encontrar uma alternativa ao camisa 10, mas Nenê ainda se faz necessário.
– A ideia é que ele consiga jogar mais perto do gol, que é onde ele vai desequilibrar. Não adianta pedir para ele voltar muito, porque aí ele estará longe, não vai conseguir dar o passe decisivo, não consegue usar aquilo que ele tem de melhor, que é a parte técnica – explicou Barbieri.
O posicionamento de Nenê, no entanto, acaba exigindo mais de Pedro Raul, que já é um centroavante que pressiona a saída de bola e sai bastante da área. Ainda ansioso pelo primeiro gol – perdeu outra chance clara no fim do primeiro tempo -, o camisa 9 também teve sua importância na vitória.
E é aí que entra o melhor momento do Vasco no jogo. As cabeçadas para fora de Pedro Raul, aos 44, e Eguinaldo, aos 46, deram indícios de um time mais agressivo no fim do primeiro tempo. E é desta forma, com os ajustes de Barbieri no intervalo, que a equipe voltou para a etapa final.
Apesar de não ter marcado e ter segurado a bola em lances que poderiam gerar boas oportunidades para o Vasco, Pedro Raul apareceu bem fazendo o pivô, uma de suas características positivas, no início do segundo tempo. Com três minutos de jogo, ele escorou duas belas bolas para Gabriel Pec. Na primeira, o atacante tirou tinta da trave e, na segunda, ampliou cobrindo o goleiro, aos 3 minutos.
O Vasco ajustou o posicionamento e cedeu menos espaços para a Portuguesa, que pouco chegou na segunda etapa. O gol cedo, obviamente, favoreceu o jogo de Barbieri. O time, que tinha finalizado cinco vezes na primeira parte do confronto, finalizou em mais oito oportunidades na parte final. Galarza teve a chance de fechar o placar aos 46, mas finalizou em cima do goleiro.
NÚMEROS DE PORTUGUESA X VASCO:
Posse de bola: 56% x 44%
Finalizações: 10 x 13
Escanteios: 4 x 4
Faltas: 18 x 21
Passes errados: 63 x 63
Desarmes: 19 x 20#gevas— Emanuelle Ribeiro (@RRemanuelle) January 26, 2023
A intensidade do Vasco no segundo tempo passa também pelos pés de Pec. O atacante botou fogo no jogo nos primeiros minutos. É um jogador que ainda está em processo de evolução e erra muitas decisões, mas que começou bem a temporada. A questão dos garotos da base – Pec, Figueiredo, Eguinaldo, Erick Marcus e afins – é que eles não podem ser tidos como solução. Precisam de tempo para terminar o processo de formação que foi acelerado lá atrás. E essa é uma das intenções do clube nesta temporada, por isso a busca por reforçar posições que hoje têm os crias como boas opções.