Se Bolsonaro mal se defende da denúncia de que contrabandeou joias que recebeu de presente da ditadura da Arábia Saudita, por que os políticos a ele ligados o defenderão de peito aberto?
Aos cochichos, sob a garantia dada por jornalistas de que não serão identificados, alguns políticos o defendem, mas sem tanto ânimo. Fazem a defesa de praxe nesses casos.
Não, Bolsonaro jamais soube que ganhara joias de presente. Muito menos o valor das joias que caberiam a Michelle, sua mulher, avaliadas em 16,5 milhões de reais. Ninguém dá presentes desses.
Ele só ficou sabendo que seu presente entrou ilegalmente no país quando foi avisado, mais de um ano depois, por um servidor do Ministério das Minas e Energia. Aborreceu-se com isso.
Não, também não. Ele foi atrás das joias de Michelle apreendidas pela Receita Federal para incorporá-las ao patrimônio público, não para que sua mulher pudesse usá-las ou ficar com elas.
Preocupados com o que possa acontecer, os cupinchas de Bolsonaro dividem-se. Parte acha que ele não deve voltar tão cedo para não se tornar alvo de ataques. Parte acha que deve voltar logo.
Diamantes podem ser eternos, mas a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos não será eterna. Não poderá, sequer, ser prolongada por muito tempo mais. Questão da validade do visto.
Quanto a Michelle, todos concordam que sua imagem não sofrerá estragos. Ela foi batizada e admitida com louvor no mundo da política onde quase todos devem ou deverão dar explicações.
E está protegida pela polarização que dividiu o país entre Lula e Bolsonaro. Quem votou em Bolsonaro a defenderá. Ela é menos arestosa do que ele, e mais performática do que ele.
Em resumo: tem mais futuro do que o marido, para desespero dos enteados e do próprio marido. A essa altura, o casamento dos dois é mais de conveniência do que de amor.
E sempre por perto de Michelle haverá Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido que abriga Bolsonaro, que tem na ex-primeira-dama seu maior investimento político.
Fonte: Metrópoles