Mato Grosso do Sul pode ter uma nova supersafra de milho

Mato Grosso do Sul pode ter a segunda colheita recorde na safra 2022/2023. Após colheita de 15 milhões de toneladas de soja, o Estado pode retirar das lavouras uma produção de milho que ultrapassa os 12,7 milhões de toneladas colhidas no ano passado.

De acordo com o secretário de Estado da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a expectativa é de uma nova supersafra.

“Tivemos uma supersafra de soja, batemos 15 milhões de toneladas com 4 milhões de hectares plantados. E as condições climáticas que têm se apresentado são adequadas, a gente deve ter também uma supersafra de milho aqui em Mato Grosso do Sul”, disse ao Correio do Estado.

Conforme dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), divulgados no boletim Casa Rural da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), a área destinada ao milho segunda safra 2022/2023 apresenta uma expectativa de crescimento de 5,4% em relação ao ciclo anterior (2021/2022), totalizando 2,325 milhões de hectares.

A produtividade média é estimada em 80,33 sacas por hectare, o que gera expectativa de 11,2 milhões de toneladas para a 2ª safra 2022/2023. No entanto, conforme a projeção de supersafra citada pelo secretário, a colheita do milho pode passar de 12,7 milhões de toneladas.

De acordo com o boletim técnico, 94,7% das áreas cultivadas com milho em Mato Grosso do Sul apresentam boas condições de desenvolvimento, apenas 5,3% estão em condições regulares e nenhuma área apresenta condição ruim.

O agrônomo Ricardo Rigon, que atua como consultor na região sul do Estado, afirma que as perspectivas continuam positivas até o momento.

“Não há previsão de geada, não está tão seco quanto no ano passado. Há algumas pequenas áreas em que tivemos uma seca de mais de 20 dias sem chuva. Mas, no geral, as lavouras estão bonitas, as pragas estão bem controladas, diferentemente do ano passado. A princípio, está vindo uma produção boa por aí”, analisa.

Com o atraso da colheita da soja e consequente o atraso no plantio do milho, a tendência é de que a operação final apresente cerca de 30 dias de atraso. O presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-MS), André Dobashi, sinalizou que “possivelmente a colheita se iniciará lentamente na segunda quinzena de junho, e no mesmo período de julho é que observaremos uma evolução significativa”.

Ainda de acordo com a Aprosoja-MS, de modo geral, o volume de precipitação observado no último mês não causou prejuízos à expectativa de produção estadual, e neste ciclo não há ocorrência significativa de insetos-praga, plantas invasoras ou doenças.

CLIMA

Conforme publicado no Correio do Estado em 27 de maio, sob a influência do El Niño, o próximo trimestre será mais chuvoso e com frio menos rigoroso em Mato Grosso do Sul, indica o estudo do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec).

O estudo elaborado pelo Cemtec indica temperaturas e índices de chuva acima da média histórica em Mato Grosso do Sul para o inverno, próxima estação do ano.

O fenômeno El Niño consiste no aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico e será o responsável pelas mudanças no clima.

“Para o Estado, o El Niño acaba influenciando positivamente. A gente percebe que, quando é uma transição ou realmente é o El Niño já consolidado, o volume de chuva para Mato Grosso do Sul realmente é bem maior e até o frio é um pouco mais ameno”, disse Dobashi em referência ao evento climático.

Dobashi salienta que o produtor sul-mato-grossense está esperando estabilidade climática de três a quatro anos, evidenciando ainda que o Estado tem sofrido com intempéries nos últimos anos.

“A safra passada de milho foi bastante complicada, uma safra em que o produtor de MS se descapitalizou bastante, então agora a gente espera esse alívio, contando que o El Niño traga um bom clima para se estabilizar e que a gente possa ter boas produções”, detalha.

Conforme a previsão climática, a média histórica de chuvas para os meses de junho, julho e agosto, período de inverno no Hemisfério Sul, varia entre 100 mm e 200 mm em Mato Grosso do Sul, com maior incidência na região sul (de 200 mm a 300 mm) e um pouco menos na região norte (de 50 mm a 100 mm).

Já a média histórica das temperaturas para o trimestre varia entre 17ºC, na região sul, e 22°C, na região norte. Portanto, o fenômeno El Niño também pode elevar a temperatura, embora os técnicos do Cemtec sugiram que existem outras forças climáticas que determinam as condições gerais do clima.

QUEDA DE PREÇOS

Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até 5 de junho, Mato Grosso do Sul já havia comercializado 21,35% do milho 2ª safra 2022/2023, que representa 1,65 ponto porcentual abaixo do índice apresentado no mesmo período de 2022.

Com maior oferta do cereal no mercado, a tendência, assim como tem acontecido com a soja, é de preços abaixo do esperado. Conforme o boletim Casa Rural, a saca com 60 kg de milho apresentou queda de 46,14% em um ano.

Na primeira semana deste mês, a saca foi comercializada pelo valor médio de R$ 40,98, enquanto no mesmo período de 2022 a saca do cereal era comercializada a R$ 76,08 no mercado físico de Mato Grosso do Sul.

Conforme dados da Granos Corretora, ontem, a saca fechou o dia comercializada a R$ 39 em Campo Grande; em Chapadão do Sul, foi a R$ 40; em Maracaju, Ponta Porã e Sidrolândia, foi a R$ 41; e em Dourados e São Gabriel do Oeste era negociada a R$ 42.

Fonte: Correio do Estado

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