Mato Grosso do Sul registrou menor índice de endividamento do País em junho, de 59,1%, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada nesta terça-feira (11) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).Em seguida, aparecem os estados do Pará (62%) e Piauí (65%).
O maior número de endividados está concentrado no Sul e Sudeste. Minas Gerais é o primeiro no ranking, com 94,9% da população; seguido por Paraná, com 94,7%; e Rio Grande do Sul, com 93,9%.
De acordo com a pesquisa, o volume de endividamento é maior entre a classe média, ainda que o avanço no semestre tenha sido apresentado em todas as faixas de renda pesquisadas.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o incremento na proporção de endividados foi maior entre os consumidores com renda mensal de cinco a 10 salários (2,1 pontos percentuais). A inadimplência também cresceu mais entre esse grupo de renda (2,7 pontos em um ano).
“Com a absorção de pessoas com menor nível de escolaridade pelo mercado de trabalho e programas de transferência de renda mais robustos, um avanço mais expressivo entre as famílias de renda baixa vem sendo contido”, analisou a economista Izis Ferreira, responsável pela Peic.
No Brasil
Percentual de famílias que relataram dívidas a vencer aumentou 0,2 ponto percentual em junho, chegando a 78,5% das famílias no País. Desse total, 18,5% se consideram muito endividados, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010.
A alta da proporção de endividados interrompe uma sequência de quatro meses de estabilidade do indicador que, com essa nova subida, alcançou o maior nível desde novembro do ano passado.
Em publicação feita pela CNC, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, declarou que a economia brasileira enfrenta cenário de endividamento e inadimplência crescente, que afeta a capacidade de consumo das famílias. “O equilíbrio entre os objetivos de estabilidade de preços e o crescimento econômico é um desafio a ser perseguido e que será determinante para a retomada do desenvolvimento do País”.
Comprometimento de renda
Embora o endividamento tenha avançado em junho, um mês antes do previsto pela CNC, a parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 29,6%, o menor percentual desde setembro de 2020.
Segundo a economista Izis Ferreira, esta mudança é fruto da melhora da renda dos consumidores que recebem até 10 salários mínimos. “Que ocorre por conta da dinâmica favorável da inflação em desaceleração desde o fim do ano passado”.
Inadimplência
A falta de pagamentos acompanhou a tendência de alta do endividamento em junho. O percentual de famílias com dívidas atrasadas fechou o mês em 29,2%, aumento de 0,1 ponto percentual. Ferreira pondera que a melhora da renda disponível, com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação, não foi suficiente para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo.
“A proporção de consumidores com dívidas atrasadas voltou a crescer após seis meses de queda, assim como o contingente dos que afirmam que não terão condições de quitar dívidas atrasadas de meses anteriores”.
Do total de consumidores com dívidas atrasadas, quatro a cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021.
A economista aponta que os juros elevados seguem dificultando a melhora desse quadro. O volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS