Abate de suínos é o maior em sete anos e o consumo da carne cresce

Registrando alta no volume de abates suínos nos primeiros cinco meses do ano, Mato Grosso do Sul acompanha o aumento nacional no consumo de carne de porco, que, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), registrou elevação de 20% entre os anos de 2015 e 2022.

Conforme o Boletim Casa Rural, elaborado pela Famasul, 1,31 milhão de animais foram abatidos nos primeiros cinco meses de 2023, alta de 7,54% na comparação com 2022, quando o número chegou a 1,22 milhão.

Quando o recorte analisado é referente ao primeiro trimestre do ano, a movimentação de animais para abate foi de 776.268, melhor resultado dos últimos sete anos e 8,54% superior ao mesmo período do ano passado (715.194 animais abatidos).

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG) Staney Barbosa Melo salienta que a suinocultura é uma atividade que está em crescimento e que aos poucos tem ganhado importância no agronegócio.

“Diferentemente do Sudeste Asiático ou da Europa, o brasileiro médio se adaptou melhor ao consumo de outras fontes de proteína animal, como a carne bovina e a de frango. Essa realidade aos poucos está mudando, sobretudo nos últimos cinco anos, aumentou substancialmente o consumo de carne suína”.

Segundo a ABPA, em 2012, o consumo médio de carne suína por habitante no Brasil era de 14,9 kg, mantendo-se estável até meados de 2017. Em 2018, essa realidade começou a mudar, momento em que houve um aumento de 8% em relação ao ano anterior, chegando a atingir 15,9 kg/habitante.

Já em 2022, com a recuperação econômica e a melhora da percepção e da receptividade do brasileiro em relação à carne suína, o País atingiu a marca de 18 kg/habitante, um aumento de 22,45% em dez anos.

CONSUMO

Ainda justificando a mudança no comportamento do consumidor, o economista explica que hoje existem inúmeras medidas sanitárias de inspeção e prevenção que mitigam quase que totalmente os riscos de se contraírem doenças.

“Também sabemos dos benefícios à saúde, por se tratar de uma carne rica em nutrientes e vitaminas, assim como as de procedência bovina. Tudo isso graças aos avanços nos sistemas de confinamento, onde os animais recebem cuidados sanitários constantes e alimentação balanceada”, avalia Melo.

A autônoma Luziene Molina é uma das pessoas que contribuíram para o cenário de expansão. “É uma opção que acabou sendo mais barata em relação à carne bovina, então, o consumo que já fazíamos da carne de porco acabou aumentando e passamos a comer com mais frequência”.

Sobre o crescimento do consumo de carne suína em MS, o economista destaca que ele está intimamente ligado à eficiência econômica da cadeia suína.

“Engloba uma melhor percepção dos consumidores em relação ao produto final. Hoje em dia, quando o consumidor vai ao mercado, encontra uma carne suína muito mais magra e palatável. Antigamente, havia muitos receios dos brasileiros em relação à carne suína”, enfatiza Melo.

Realizando compras em um supermercado da Capital, uma dona de casa que preferiu não se identificar contou à reportagem que a carne suína nunca foi a sua opção preferida, no entanto, optou por inserir a proteína mais vezes em sua dieta. “Lá em casa, comemos pelo menos duas ou três vezes na semana, por ser saudável e também pelo preço”.

Para Maria Fernanda de Souza, profissional que trabalha em açougue há mais de 15 anos, a procura pela carne de porco aumentou significativamente no último ano.
“O pessoal vai muito pelo preço, e é onde tem quem não goste de frango e acaba levando a carne suína. Aqui, o pernil e a bisteca têm muita saída”.

Já o açougueiro Mário Pereira da Silva ressalta que os mitos sobre a carne de porco foram esclarecidos, fazendo com que o item se tornasse mais consumido. “É uma carne livre de gorduras prejudiciais e, detalhe, mais barata”.

Outro salto percebido é o das vendas para o mercado externo. Conforme dados do Boletim Casa Rural, nos cinco primeiros meses do ano, as exportações de carne suína in natura totalizaram US$ 19,20 milhões e 8,34 mil toneladas em volume.

Alta de 75,69% nas receitas ante o mesmo período do ano passado, quando estas chegaram a US$ 10,9 milhões, e aumento de 63,58% no volume exportado em comparação com os primeiros cinco meses do ano passado (5,1 mil toneladas).

PRODUÇÃO

Do campo até a mesa, a cadeia da suinocultura, desde a criação animal até o consumidor final, apresenta um salto em Mato Grosso do Sul, que, por sua vez, contabiliza 258 granjas suínas neste ano.

Dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) do mês de maio de 2023 apontam crescimento no setor no comparativo com o ano anterior, quando havia 243 granjas registradas.

O levantamento aponta que, atualmente, são 103.241 matrizes existentes, enquanto até o fim do ano passado eram 95.476 reprodutoras no total, o que resulta em um aumento de 8,12%.

Conforme os dados do boletim técnico da Famasul, no primeiro trimestre deste ano, foram criados 1.341.826 suínos, crescimento de 27,51% ante os 1.052.268 animais de engorda registrados no mesmo período de 2022. Quando comparado o período de 2017 com o de 2023, a alta na criação é de 114%. Em 2017, entre janeiro e março, foram destinados à engorda 626.754 suínos.

O presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores (Asumas), Milton Bigatão, dá detalhes sobre a estrutura da suinocultura em Mato Grosso do Sul. “É caracterizada por ter 80% da produção no sistema de integração, os abates acontecem na Seara Alimentos, em Dourados, e na e Cooperativa Aurora, em São Gabriel do Oeste”, explica o representante.

Ele ainda acrescenta que os outros 20% são de produtores independentes, que vendem seus suínos nos mercados de MS, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerias.

Milton frisa que a lucratividade do sistema de integração está estável e com tendência de manter os ganhos. “Estamos em pleno aumento, o objetivo é abater mais de 4 milhões de cabeças por ano”.

Fonte: Correio do Estado

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