O boletim semanal que apresenta o panorama de incêndios no Pantanal em 2024 mostrou que a região teve 46,8% mais focos de calor do que no ano de 2020. O período é considerado a maior tragédia da história do bioma. O dado não significa que a área queimada é superior, mas que os números de focos registrados por satélite foram maiores.
Segundo a tenente-coronel, Tatiane Inoue, diretora de proteção ambiental do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, as estratégias de combate adotadas desde 2023 impediram que o cenário fosse o mesmo observado em 2020. Na época os Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares, o que correspondia a 26% do bioma. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.
Neste ano, até esta segunda-feira (8), o fogo assolou 595.550 na parte sul-mato-grossense do Pantanal e 763.275 já contando o lado de Mato Grosso. Os dados são do Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Até o momento, o Corpo de Bombeiros não divulgou o total da área afetada pelas chamas.
O boletim destacou que 2024 também supera o número de focos de incêndio registrados em 2023 no Pantanal, em 2.021,9%. Foram 146 contra 3.098 casos. O total de área afetada foi 520.825 hectares queimados no ano passado.
Combate
Conforme Tatiane, apesar de controlado ainda há um foco de calor no Pantanal, localizado próximo a Serra do Amolar. Equipes trabalham no rescaldo do fogo e monitoram os perímetros considerados como reincidentes.
“As aeronaves foram muito interessantes nessa dinâmica de combate ao incêndio desde ano, principalmente para resfriar as linhas e levar estrutura e pessoal para o combate. Essa massa de ar frio que chegou a Mato Grosso do Sul deu outra dinâmica aos combates ao incêndio que estavam se proliferando. Hoje vemos apenas um foco, próximo a base da Serra do Amolar. Nossas equipes estão in loco. Não estamos em combate de incêndios hoje, mas monitorando e trabalhando com rescaldo”.
A tenente-coronel ressaltou que apesar do controle, as consequências dos incêndios ainda serão severas, mas que ainda não é possível informar o quanto.
“Em 2020 não tínhamos a declaração do ANA [Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico], de escassez hídrica. Em 2024 mudamos totalmente a estratégia de combate no pantanal, colocando 13 bases de combate. A previsão é de que a quantidade de área queimada seja severa, mas a estrutura do Estado foi reforçada para evitar que tenha uma área queimada tão grande quanto foi em 2020. O ano ainda não chegou ao fim”.
Probabilidade de fogo
Conforme a tenente, todos os estados de Mato Grosso do sul estão em alerta para incêndios nos meses de julho, agosto e setembro. As cidades de Bonito, Dois Irmãos do Buriti e Caapuã estão com alerta vermelho, de alto risco de incêndios.
Tempo
A meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), Valeska Fernandes, acrescenta que ainda não há previsão de chuva no bioma nos próximos dias, exceto em Porto Murtinho, devido a presença de uma nova frente fria. Desta quinta-feira (11) a sábado (13) a previsão é de tempo firme no Pantanal, com mínima de 11ºC a 14º C e máximas de 23ºC.
“Já na próxima semana as temperaturas começam a aumentar gradativamente, podendo atingir máxima de 34ºC, a umidade no período varia de 10 a 30% na região pantaneira . Essas condições são favoráveis à ocorrência de incêndios florestais. Em relação ao perigo de fogo é que por conta do avançar da frente fria, aumento da umidade, perigo ficou de baixo a moderado, porém ao longo dos próximos dias podem aumentar devido a mudança no tempo”.
Operação – Este ano a Operação Pantanal contou com 516 bombeiros, desde janeiro, 82 brigadistas, 11 aeronaves e 39 veículos terrestres. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS