De acordo com a Embrapa, o animal não pertence à fauna brasileira e é capaz de levar o meio ambiente ao total desequilíbrio
Por não fazer parte do ecossistema brasileiro, o javali causa grandes prejuízos à agricultura e à pecuária local. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o animal é nativo de países da Europa, Ásia e norte da África pode levar o meio ambiente ao total desequilíbrio.
“Essa espécie chegou ao Brasil há algumas décadas, pelo interesse comercial na produção da carne exótica, mas essa atividade não teve sucesso e alguns animais acabaram escapando das criações e houveram solturas intencionais destes animais na natureza. Eles encontraram condições favoráveis para se estabelecer e se disseminar para várias regiões do país”, conta a pesquisadora Virginia Santiago Silva, da Embrapa Suínos e Aves.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), até dezembro de 2018, haviam registrado a presença de javalis em 1.536 municípios do país, distribuídos em 22 estados brasileiros.
Entrada de javalis na propriedade
De acordo com a pesquisadora, o grande desafio é barrar de forma efetiva a entrada do animal em áreas da propriedade rural. “Existem algumas alternativas que podem ajudar. O ideal é usar barreiras físicas, como cercas com telas de arames, que precisam ser altas, proximamente com altura de 1,80 metros, bem robustas e com um fio de arame de pelo menos 12 milímetros de diâmetro. Na parte inferior, é recomendado enterrar as cercas acerca de 30 a 40 centímetro de profundidade para evitar que os animais passem por baixo”.
“Outra experiência interessante é o uso de cercas elétricas, que têm sido usadas em algumas regiões do país com bastante sucesso. Na parte da pecuária, no Rio Grande do Sul, onde ocorre predação de cordeiros com muita frequência, há uma experiência muito rica com o uso de cães pastores da raça maremano, com excelentes resultados, já que essa raça ajuda a manter os javalis longes das criações”, diz Virginia.
Encontrei um javali, e agora?
Em casos de invasão, é preciso realizar o controle correto do animal. Para isso, é necessário solicitar autorização para ações junto ao Ibama. “O javali não pode ser mantido e nem criado na propriedade. É um animal exótico invasor, inclusive já foi detectada a nocividade da espécie, porque vem causando diversos prejuízos ambientais e socioeconômicos”, alerta a especialista da Embrapa.
Javali morto ou doente, o que fazer?
Caso o produtor encontre um animal morto ou doente em sua propriedade, a recomendação é que não seja feita a remoção do predador. O ideal é não mexer na carcaça e, se possível, isolar a área para evitar contato com outros animais e comunicar imediatamente aos responsáveis veterinários do seu município. Um javali morto sem causa aparente pode ser indicativo de doenças graves que são ameaças para pecuária, especialmente para suinocultura.
“Algumas doenças como a peste suína clássica e a peste suína africana, são doenças graves que afetam suínos e javalis mas não são transmitidas para o homem ou outras espécies animais, mas essas doenças são causadas por vírus altamente contagiosos e resistentes, e eles podem se manter infectantes no sangue e na carne mesmo quando submetidos a processos como cura, salga e defumação”, enfatiza Virginia.
Permissão para caçar
Virginia Santiago diz que é preciso reconhecer as diferenças entre caça e ações de controle do animal, já que a autorização por parte do Ibama refere-se ao abate de javalis com foco no controle da espécie devido a todos os prejuízos socioambientais e socioeconômicos ligados a ela. Para realizar qualquer ação de controle de javalis, [e obrigatório autorização do órgão.
“É importante que os controladores estejam atentos a alguns pontos. O produtor precisa estar portando essa autorização durante as ações de controle, não só ela, como também um certificado de regularidade no CPF que precisa estar válido. Caso ele use arma de fogo, é preciso estar atento a documentação exigida pelo exército também.”
Contudo, ela alerta que são vedadas as práticas de maus tratos aos animais, devendo o abate ser feito de forma rápida. O uso de venenos também é proibido, assim como armadilhas que possam ferimentos aos animais.
“Também é proibido o disparo de armas de fogo em veículos em movimento durante as ações de controle. Além disso, é também extremamente importante se o controlador saiba diferenciar o que é um javali dos porcos nativos, porque o abate dessas espécies nativas é crime ambiental e passivo de sanções. O controlador também precisa estar atento à validade da autorização de abate ou se precisa ser renovada”, diz ela.
Outras ações importantes
Abater javalis jovens e fêmeas são ações importantes para o controle da espécie. Prestar informações referente as ações realizadas também permite o aprimoramento da gestão para controle da espécie. “Outro ponto importante a ser incentivado são os mutirões de controle de javalis, lembrando que esse mutirões devem respeitar a legislação vigente”, conclui Virginia.
Em caso de dúvidas, o produtor pode entrar em contato com Embrapa Suínos e Aves através do telefone (49) 3441-0400 ou pelo site http://www.embrapa.br.
Fonte: Canal Rural