Menino que ficou acorrentado em barril comia cascas de fruta e fubá crú.

Foto: Doações chegam de todo pais em prol do garoto.

Uma semana após ser encontrado acorrentado em barril no Jardim Itatiaia, na região de Campinas (SP), o menino de 11 anos resgatado por vizinhos e pela polícia tenta retomar a vida. Atualmente, ele está internado em um hospital para tratar do quadro de desnutrição. O pai, a madrasta e uma irmã da criança estão presos por tortura e omissão.

Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, o jardineiro Ivanei da Silva conta do dia em que ouviu o garoto pedir por ajuda da janela do imóvel (foto em destaque). Ivanei é vizinho da casa onde a família da vítima morava. “Ouvi ele dizendo: ‘Quero água, quero comida, estou com muita fome’”.

Silva conta que, diante do pedido de socorro da criança, decidiu entrar na residência da família, que estava vazia. Naquele momento, ele notou o garoto acorrentado. “Ele disse que estava lá porque era um castigo”, conta.

Segundo moradores da região, o garoto estava dentro do barril havia cerca de 30 dias. Enquanto estava preso, alimentava-se apenas de cascas de frutas e fubá cru. Os vizinhos contam que a criança era constantemente agredida desde os 3 anos.

Após ser resgatado pela polícia, o menino precisou ser internado em um hospital. Ele pesava 27 quilos no momento em que foi salvo e apresentava quadro grave de desnutrição. Enquanto se recupera, o garoto já ganhou doações de brinquedos e peças de roupa. Até doações de bolsas de estudo nos Estados Unidos e no Canadá ele recebeu.

São brinquedos e roupas vindos de diversos cantos de Campinas, alguns deles até de outras cidades do Estado de São Paulo. As doações chegam pessoalmente, por Correio e até por compras feitas pela internet e enviadas diretamente para a sede do 35º Batalhão da Polícia Militar. Tudo enviado por pessoas que se comoveram com o caso do menino encontrado dentro de um tambor no Jardim Itatiaia, em Campinas, e espontaneamente começaram a procurar os policiais para ajudar.
“Foi uma surpresa para a gente, mas houve uma consternação muito grande e começaram a enviar diretamente pra sede do batalhão as doações, além disso as pessoas começaram a perguntar como fazer para ajudar o menino.”, conta o capitão Pereira Junior, do 35ºBPMI.
Foi o caso da Heloisa Venturato, que chegou com a doação de um vídeo game para o garoto. “Eu queria que isso chegasse para o menino, trabalho há 20 anos com voluntariado e fiquei muito mexida com o que vi.”
Janaína Ferrari é mãe de dois filhos e ficou chocada e revoltada com tanta crueldade, por isso foi pessoalmente até o batalhão para levar algumas roupas que ela separou. “Fiquei muito feliz quando vi na delegacia muitas sacolas de doações. Espero que essa criança possa sentir o carinho e solidariedade de todos que contribuíram quando receber os presentes”, completa a agente de viagem.
Policiais de outros batalhões do Estado também procuraram o 35º batalhão para que pudessem enviar doações que receberam.
Além de roupas e brinquedos, muitas pessoas também se ofereceram para pagar bolsas de estudo e tratamentos com psicólogo, o que vai ser fundamental quando o menino receber alta. “Quem quiser ajudar pode nos procurar que vamos encaminhar para o Ministério Público. Além disso, os promotores ficaram responsáveis por entregar essas doações para o garoto quando ele receber alta”, explica Pereira. O único pedido é para que não sejam feitas doações de dinheiro e nem de alimento.

Sobre o resgate, Ivanei afirmou sentir “alívio”. “Sei que ele vai passar a ter uma vida descente, que toda criança merece”, completou ao Fantástico.

O caso

A descoberta de uma criança de 11 anos, nua e acorrentada dentro de um barril em Jardim Itatiaia, na região de Campinas, interior de São Paulo, chocou a população local. Os autores do ato cruel, um casal e uma jovem de 22 anos, foram presos na tarde de 30 de janeiro.

Segundo a Polícia Militar, foi constatado que o menino era mantido nu, acorrentado pelas mãos e pés em um tambor de ferro exposto ao sol. O local era coberto por uma telha do tipo brasilit e com uma pia de mármore por cima, para impedir a saída do garoto.

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Fonte: G1

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