Aos 3 anos de idade da filha, quando raramente havia troca de roupas e sapatos, a psicóloga Marianna Ferreira Wormsbecher, de 36 anos, acendeu o alerta e percebeu que algo errado poderia estar acontecendo, já que a menina não crescia. Foi quando os pais a levaram ao médico e tiveram o diagnóstico da falta do “hormônio do crescimento”, algo que a Manu aprendeu a lidar desde muito cedo e agora fez um ensaio com as milhares de seringas que ela mesmo aplicou, nos últimos 3 anos.
“Ela foi aquela criança que não perdia sapato, não perdia roupa e, aos 3 anos, estava usando roupa de bebê tamanho G. Nós então a levamos na endocrinologista e eles disseram que ela tinha deficiência do hormônio de crescimento. No entanto, não teria nenhuma outra implicação de saúde, só ficaria baixinha mesmo e aí começamos o tratamento aqui em São Gabriel (MS) mesmo”, afirmou ao site G1 Marianna.
Na ocasião, a médica disse que a Manu deveria começar a aplicar seringas com o hormônio Somatropina, mas que deveria esperar alcançar os 7 anos de idade para começar o tratamento. Depois de iniciada a aplicação do hormônio, Manu precisaria ser acompanhada a cada três meses.
“Nós esperamos o tempo [estabelecido pela médica] e retornamos, quando a médica explicou certinho como deveria ser aplicado e ela mesmo quis fazer nela. É ela quem, desde o início, pegou o ‘courinho’ da barriga e aplicou a injeção. Eu não queria fazer nada forçado, conversei muito com ela e inclusive chamei uma amiga nossa, que é baixinha, para falar com ela”, explicou Marianna.
Durante a conversa, Marianna explica que a amiga falou que, se tivesse a oportunidade, também teria feito o tratamento. “Ela contou que era complicado, que é difícil de achar calçado, que roupa precisa ajustar quase tudo e ela também passou por situações complicadas, quando fomos em um parque aquático, por exemplo. Ela tinha idade, mas não tinha altura pra ir no brinquedo. Na escola, também ficou no banco de reserva uma vez porque as outras competidoras eram muito maiores”, relembrou.
Quando iniciou o tratamento, Manu tinha 1,14 metro e, atualmente, está com 1,32 metro. Segundo a projeção atual dos médicos, ela deve chegar a cerca de 1,60 metro, e o tratamento deve ser interrompido quando ela tiver a primeira menstruação. “Eu gostei de ir lá fazer o ensaio. Fiquei vendo aquela quantidade toda de agulhas e sei que lá na frente vou agradecer ainda mais por ter feito este tratamento. É uma conquista para mim”, comemorou.
No dia do ensaio, a mãe conta que Manu pegou uma caixa de sapatos para retirar as seringas da garrafa e se assustou ao ver que a caixa não comportava todas. Foi desta forma que ela percebeu que já tinha aplicado o hormônio inúmeras vezes. “Eu falei sobre isso com ela e ela entendeu o quanto estava sendo forte e é um orgulho enorme que eu tenho. O tratamento vai continuar até quando ela quiser, nunca forcei nada”, explicou Marianna.
A fotógrafa Aninha Clementino, de 28 anos, disse que ficou encantada com o jeito da menina de lidar com o tratamento. “Uma menina muito querida, educada, sempre com um sorriso no rosto, levando algo de forma muito leve e não demonstrando, de forma alguma, o peso que tem. Sou suspeita para falar, fiquei encantada com cada foto”, comentou.
Sobre a referência das asas, ela disse que a mãe já chegou com a ideia pronta e ela somente ajudou na montagem. “A Manu estava nervosa no início, mas, depois ficou até brincando com a mãe dizendo que ela teria dificuldade para escolher as fotos, já que estava adorando. Eu falo que faço fotos com significado justamente por isso, porque são histórias particulares, de superação, que retratam toda a força e conquista dessas pessoas, de algo que foi vencido por elas”, finalizou.