A redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a gasolina e o etanol já pode ser percebida nos preços praticados pelos postos de combustíveis em Campo Grande. Para os próximos dias, também é aguardada uma queda no litro do óleo diesel.
Levantamento realizado pela reportagem nesta quinta-feira encontrou o litro do biocombustível variando entre o mínimo de R$ 3,89 e o máximo de R$ 4,39, média de R$ 4,12. Conforme adiantou o Correio do Estado na edição do dia 29 de julho, após a redução do ICMS do álcool, os postos levariam entre cinco e sete dias para repassar aos consumidores.
Em Mato Grosso do Sul, o ICMS, que era de 30% sobre a gasolina e 20% sobre o etanol, foi a 17% a partir do dia 1º de julho. Com a garantia de diferencial entre o combustível fóssil e o biocombustível, a alíquota cobrada sobre o etanol passou a 11,3% a partir do dia 15 de julho.
A Petrobras anunciou recentemente duas reduções no preço da gasolina em suas refinarias, a primeira, de R$ 0,20 no dia 20 de julho e, a segunda, no dia 30 de julho, de R$ 0,15. Somadas à redução da alíquota de ICMS, o consumidor pôde ver o preço do combustível cair de quase R$ 8 para a casa dos R$ 5.
Conforme a pesquisa da reportagem, o preço médio da gasolina em Campo Grande ficou em R$ 5,15. O litro do combustível fóssil varia entre R$ 5,09 e R$ 5,29 em diferentes regiões da Capital.
O doutor em Economia Michel Constantino explica que, no caso da gasolina, o maior impacto é a redução dos impostos.
“Sim, a redução inicial dos combustíveis está diretamente ligada com a redução dos impostos estaduais e federais. À continuidade das reduções soma-se reduções de impostos e redução dos preços do barril do petróleo”.
O mestre em Economia Eugênio Pavão destaca que, além dos impostos, no caso, do álcool combustível, a relação de produção e consumo também influencia na formação do preço.
“A queda dos preços da gasolina é um reflexo da queda do ICMS, com os estados reduzindo arrecadação para ajudar a conter a inflação. Já o etanol não é controlado pela Petrobras, mas, sim, pelo setor privado, e seu preço depende fortemente da oferta e demanda do mercado [safra e entressafra]. Para não perder lucros, o setor se adapta aos preços dos combustíveis em geral”, considera.
DIESEL
Enquanto os outros combustíveis apresentaram reduções no último mês, o diesel disparou como o combustível mais caro. E o reflexo disso para a cadeia produtiva é grande, porque o transporte rodoviário é o principal meio de escoamento da produção brasileira.
A Petrobras anunciou recuo de R$ 0,20 no preço do óleo diesel em suas refinarias a partir de hoje. É a primeira revisão para baixo desde maio do ano passado.
De acordo com o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, a redução média deve ser de R$ 0,17 no litro em Mato Grosso do Sul.
Nos postos de combustível de Campo Grande, o litro do óleo diesel comum varia entre R$ 6,94 e R$ 7,35 – média de R$ 7,13. Ainda de acordo com o levantamento do Correio do Estado, o óleo diesel S10 é comercializado por valor médio de R$ 7,23, com mínimo de R$ 6,99 e máximo de R$ 7,59.
Assim como ocorre com a gasolina, a redução para o combustível não será imediata. Os estabelecimentos levam até cinco dias para praticar novos valores, dependendo do estoque de cada posto.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o litro do óleo diesel estava sendo comercializado no Brasil, em média, com preço 2% acima do mercado internacional.
“A economia brasileira é quase totalmente dependente do transporte rodoviário, em que circulam mercadorias, bens, pessoas, etc. Desses produtos, o diesel é o que tem o maior impacto nos preços finais de remédios e mercadorias em geral. Porém, a baixa oferta mundial leva a pequenas variações de preços, pois a falta de produto levaria ao colapso econômico”, analisa Pavão.
INFLAÇÃO
As primeiras reduções nos preços dos combustíveis já trouxeram leve retração da inflação em junho, que também é esperada no indicador de julho. Além disso, na quarta-feira, o Banco Central (BC) anunciou um novo reajuste na taxa básica de juros, a Selic, também tenta frear a inflação brasileira ao encarecer os juros.
“Nas próximas medições dos índices de inflação, veremos baixa em mais itens da cesta de consumo”, ressalta Constantino.
O reflexo para a economia, com a deflação, de acordo com o economista, é a melhoria do bem-estar da população, principalmente a parcela de renda mais baixa. “A intenção de consumo deve aumentar, isso aumenta a dinâmica do comércio e dos serviços, aumenta emprego e incentiva maior produção”, finaliza.
O doutor em Economia e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Mateus Abrita diz que a redução dos combustíveis tem impactado mais a inflação do que o choque de juros.
O juro básico foi a 13,75% ao ano e se igualou à taxa praticada em novembro de 2016, conforme os dados BC. A Selic subiu 11,75 pontos porcentuais desde a mínima histórica de 2,0% – que vigorou até março de 2021. Esse é o maior choque de juros desde 1999, quando o banco elevou os juros em 20 pontos de uma só vez.
“Essa nossa inflação, por ser de custos, e não de demanda, é menos afetada pela alta de juros, e o custo da elevação dos juros é muito alto. Isso se chama taxa de sacrifício da polí
Fonte: Correio do Estado