Acadêmicos de jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) manifestaram descontentamento com a gestão da instituição, que tem prejudicado o desenvolvimento dos acadêmicos e impedido a vivência plena das disciplinas do curso.
Segundo Ana Laura Menegat de Azevedo, de 22 anos, acadêmica do 8° semestre de jornalismo da UFMS e presidente do Centro Acadêmico de Jornalismo (CAJOR), três problemas principais estão causando o desconforto.
O primeiro é a retirada de sites do curso de jornalismo do ar, devido à Lei Eleitoral. Segundo a acadêmica, a lei está sendo mal interpretada pela reitoria e pela agência de comunicação da UFMS.
“Com base na interpretação desta lei, de maneira equivocada, a reitoria e a agência de comunicação da UFMS suspenderam todos os sites de jornalismo, mas isso não aconteceu em outros cursos. O site normal, sabe? Que tem TCCs, grade curricular, professores, está tudo fora do ar. Mas, por exemplo, o de audiovisual, não está. Em nenhum outro curso de jornalismo do país aconteceu isso”, comentou.
Além do site principal do curso, o site do Projétil, jornal laboratorial feito pelos acadêmicos, o Primeira Notícia, site desenvolvido durante a disciplina de Ciberjornalismo, e o site da disciplina de Fotojornalismo, também foram retirados do ar.
Segundo Ana Laura, algumas disciplinas são prejudicadas pela ausência dos sites, como por exemplo a de Ciberjornalismo, que depende do sistema do Primeira Notícia para ensinar os acadêmicos a escrever para o online e utilizar o sistema de publicação de conteúdos.
“Aí a gente não consegue vivenciar isso, não consegue aprender os sistemas. Muita gente não entende como funcionam esses programas, eu inclusa, entendo pouquíssima coisa. Esse semestre estou fazendo Ciberjornalismo, a gente está produzindo notícia, só que semestre que vem teremos produção de reportagens, que tem todo um trabalho visual mais planejado no site. Com o site fora do ar não tem como fazer”.
A acadêmica também afirmou que os conteúdos haviam sido publicados antes do período eleitoral, o que torna a decisão de tirar os sites do ar ainda mais injusta.
“Primeiro que conteúdo jornalístico não é publicidade, então, as informações independente do que estiverem falando, não estão fazendo publicidade para político. O acesso à informação é um direito garantido na constituição. Basicamente a gente está sofrendo uma censura com isso”, concluiu.
Falta técnico
O segundo problema é que o Laboratório de Telejornalismo está desde o semestre passado sem técnico. A contratação depende da reitoria, já que os profissionais são terceirizados, e tem um processo demorado.
“A disciplina (Telejornalismo) conseguiu acontecer, mas foi prejudicada. Estava sem editores de vídeos finais, então, o pessoal do curso de Audiovisual veio dar uma ajuda pra gente. O cenário piorou neste semestre de agora, porque de fato demitiram os técnicos, e os processos da universidade são todos muito demorados. Ainda não aconteceu a contratação de novos técnicos. Já está chegando no final do primeiro mês de aula e continuamos sem técnico nesta matéria”, completou.
Infraestrutura
O terceiro problema enfrentado pelos acadêmicos é estrutural. A UFMS está mudando a secretaria da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (FAALC) para outro bloco, distante do que costumam usar, localizado próximo ao Lago do Amor.
“O que acontece é que o bloco que estão fazendo para a FAALC não está exatamente terminado. Ele está terminado, mas está sujo, os servidores que já se transferiram para lá, para a secretaria, estão sem acesso à internet, estavam tendo que fazer todo um esquema para conseguir trazer sinal de internet”, relatou.
Ana Laura também mencionou que o curso de Letras já foi transferido para o bloco, mas que está sem aulas porque a infraestrutura do bloco não consegue comportar os alunos.
“O Jornalismo não tem como ir. Os professores já falaram que não vão enquanto não tiver laboratório pronto. E aí também estavam basicamente ‘expulsando’ o mestrado em comunicação das salas para pôr direito no lugar”, concluiu.
Para a acadêmica, o curso está sendo censurado e sofrendo boicote. Uma reunião foi marcada com os professores na tarde desta quarta-feira, os acadêmicos aguardam esclarecimentos.
A assessoria da UFMS foi procurada, mas ainda não respondeu às perguntas.
Fonte: Correio do Estado