Oitenta dias se passaram desde o início do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. De lá para cá, Mato Grosso do Sul precisou se adaptar para não amargar prejuízos. Assim, mesmo vendendo menos aos EUA, o Estado registrou alta de 3,7% nas exportações totais entre julho e setembro.
De acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), mesmo diante de um cenário global desafiador, o agronegócio sul-mato-grossense “tem demonstrado resiliência e capacidade de adaptação.”
A consultora técnica de economia da entidade, Eliamar Oliveira, explica que o setor mantém a competitividade e a confiança dos mercados compradores, apesar do tarifaço.
“Entre julho e setembro de 2025, as exportações do agronegócio sul-mato-grossense somaram US$ 2,63 bilhões, alta de 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior”, detalha a consultora.
“Apesar da retração de 45,5% na receita dos embarques destinados aos Estados Unidos, o desempenho geral do setor comprova a consolidação de parcerias comerciais com outros destinos”, avalia.
Principal setor impactado
Quando consideradas as vendas internacionais de janeiro a setembro de 2025, as exportações do agronegócio de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos totalizaram US$ 373,5 milhões.
Esse resultado representa uma leve retração de 1,9% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados US$ 380,8 milhões.
“O principal impacto ocorreu na celulose, que apresentou queda de 26,5%, passando de US$ 148,0 milhões para US$ 108,8 milhões no comparativo anual”, explica Eliamar. Em contrapartida, houve um aumento de 5% no volume, quando o tarifaço já estava vigorando.
Alguns setores tiveram crescimento
Por outro lado, teve setor que registrou crescimento nas vendas internacionais.
“A tilápia, por sua vez, alcançou US$ 7,3 milhões e 1,4 mil toneladas em exportações no acumulado do ano, com setembro registrando a maior receita mensal da série para o mercado norte-americano”, afirma a consultora.
A especialista explica que isso demonstra a “recuperação nas vendas, mesmo com a imposição de tarifas”.
Outro setor que segue positivo é o da carne.
“A carne bovina aumentou as vendas para os americanos em receita e volume, no acumulado do ano, mesmo com a redução de exportações nos meses de agosto e setembro”, detalha Eliamar.
Segundo a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), o setor não registrou prejuízos com o tarifaço e os números da exportação falam por si.
“As exportações só cresceram, e isso vem mantendo o valor da arroba estável e com tendência de alta, principalmente com o aumento das compras pela China e com abertura de novos mercados”, detalha a entidade.
“Hoje, Mato Grosso do Sul tem a melhor cotação de boi China do país”, completa a Acrissul.
Boi China é o termo usado para caracterizar o gado de corte brasileiro que atende aos requisitos sanitários e de qualidade da China para exportação. Ou seja, atualmente, o boi gordo mais valorizado é o de MS.

Asim, na avaliação da Famasul, as exportações sul-mato-grossenses seguem com desempenho positivo, “reflexo de um trabalho contínuo de promoção comercial e abertura de novos mercados.”
“Do lado do setor produtivo, as empresas locais também têm investido na diversificação de destinos e no fortalecimento da imagem do produto brasileiro, o que tem contribuído para mitigar os efeitos das restrições impostas pelos Estados Unidos”, completa a entidade.
Em agosto, o governador Eduardo Riedel (PSDB) visitou três países asiáticos: Singapura, Japão e Índia, na chamada Missão Ásia.

Um dos focos da missão foi apresentar MS como grande fornecedor de produtos agropecuários, ampliando a possibilidade de abertura de novos mercados e, assim, driblando os efeitos do tarifaço.
Missão Ásia
No dia 6, foi a primeira agenda dos representantes sul-mato-grossenses durante a Missão Ásia, e o encontro foi com o governador de Maharashtra, na Índia, C. P. Radhakrishnan.
No segundo dia de agenda em Mumbai, na Índia, o governador apresentou a potência agroambiental de Mato Grosso do Sul durante o Lide Brazil Índia Fórum.
No dia 7, o mercado asiático conheceu as potencialidades de MS, liderança em segurança alimentar, transição energética e sustentabilidade.
O governador ainda falou sobre a Rota Bioceânica, que consolida a conexão e amplia as oportunidades globais para o Brasil.
Fonte: Jornal Midiamax





















