Vídeo: Após prisão de lideres, indígenas tem casas queimadas e voltam a invadir terreno de condomínio de luxo

Dez indígenas Guarani e Kaiowá foram presos após invadirem um terreno onde está sendo construído um condomínio de luxo, em Dourados (MS) – a 256 quilômetros de Campo Grande. Entre os envolvidos está o candidato ao governo de Mato Grosso do Sul nas eleições de 2022, Magno de Souza.

Tudo começou na quinta-feira (6) depois que um grupo de aproximadamente 20 indígenas ocupou a área que, segundo eles, é território indígena. Equipes do Batalhão de Choque e Força Tática da Polícia Militar foram acionados para intervir na ocupação da área, onde está sendo construído o condomínio.

Após supostas agressões e ameaças, dez homens foram levados para a delegacia de Dourados. De acordo com a polícia, um dos presos foi liberado após ser provado que ele apenas passava pelo local. Até a última atualização, os nove envolvidos continuavam detidos.

Na delegacia, os dez detidos negaram as acusações. Eles explicaram que a área invadida é de origem indígena e por isso não poderia receber a construção de um condomínio de luxo. Todos eles confessaram ter ido dar apoio a retomada, mas afirmaram não ter participado de nenhuma agressão.

Os presos passaram por audiência de custódia na Justiça estadual, mas durante a análise das prisões, o juiz entendeu que a competência era da Justiça Federal. “No momento aguardamos a remessa dos autos do processo à justiça federal de dourados para fazer o pedido de liberdade em prol dos indígenas”, explicou a defensora pública da união, Daniele Osório.

Com os ocupantes, os policiais apreenderam um colete balístico e uma arma de fogo calibre 22. A polícia informou que os envolvidos devem ser autuados por lesão corporal, ameaça, porte ilegal de arma, esbulho, associação criminosa e dano.

Queima das casas dos indígenas

moradias de indígenas dos povos Guarani Kaiowá e Terena foram incendiadas no município de Dourados. Os ataques aconteceram por civis após operação conduzida pela Tropa de Choque e pelo Batalhão da Polícia Militar (BOPM), no mesmo dia, ocasião em que dez indígenas foram presos ao realizarem protesto contra construção de condomínio de luxo na região.

Veja imagens do incêndio abaixo: 

Outra invasão

Indígenas guarani-kaiowá voltaram a invadir terreno onde será construído condomínio de luxo, ao lado da Reserva de Dourados (a 251 km de Campo Grande). Pertencente à A Corpal Incorporadora e Construtora, a área foi ocupada na sexta-feira (7) por grupo de pelo menos 20 pessoas.

Na manhã desta segunda-feira (10), pessoas que passavam pelo local notaram que uma tenda foi levantada e faixas do comitê de luta das retomadas estendidas entre pilhas de tijolos que estavam sendo usados na construção do muro.

O terreno fica na margem norte do anel viário, encravado entre empresas e a reserva indígena, formada pelas aldeias Bororó e Jaguapiru. A região é cercada de condomínios de luxo, mas esse é o primeiro empreendimento a ser construído acima do anel viário, e bem ao lado da área indígena.

Oriundos do acampamento Yvu Verá, os indígenas apontam as terras nos arredores das aldeias como parte da área demarcada em 1917. Desde 2016, sítios e chácaras vizinhos às aldeias foram invadidos, mas até agora não houve perícia para definir se de fato as propriedades faziam parte da reserva.

O que diz o MPF?

Em nota, o Ministério Público Federal revelou que no dia primeiro de março os indígenas procuraram os promotores para falar sobre a construção na área indígena e que depois disso, a empresa foi oficiada.

Paralelamente a isso, um laudo antropológico na região estava sendo elaborado, justamente por conta da pressão mobiliária sobre áreas que os indígenas guaraní-kaiowá entendem como área de ocupação tradicional. Diante disso da atua situação, o MPF reiterou o ofício à empresa, e conseguiram uma conversa inicial e paralisação das obras.

O que diz o empreendimento?

A construtora informou que, no dia 29 de março, após tomar conhecimento da requisição de informações encaminhada pelo Ministério Público Federal, paralisou imediatamente as obras que estavam sendo realizadas no terreno de sua propriedade, localizado na cidade de Dourados.

Em nota, a construtora informou que mantém contato permanente e diálogo aberto com representantes das comunidades indígenas residentes em áreas no entorno do empreendimento.

“A empresa afirma que está fazendo todos os esclarecimentos necessários para dirimir as questões levantadas pelo MPF, mas ressalta que, desde a aquisição, todas as ações relacionadas ao terreno em questão seguem rigorosamente as legislações em vigor e que possui todas as autorizações e licenças exigidas pelos órgãos responsáveis para a construção do empreendimento”, diz a nota.

Fonte: G1 MS, Correio do Estado e CG NEWS

 

Notícias semelhantes