Bolsonaro chama de ‘sanha’ propostas para regulamentar mídias sociais

Durante discurso neste sábado (4) na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, em inglês), em National Harbor, Maryland, próximo a Washington, nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou de “sanha” as propostas que visam regulamentar as mídias sociais e disse que o movimento não é exclusivo do Brasil, mas, sim, presente em todo o mundo.

“A liberdade é algo que tem que ser tratado com absoluta preocupação. É como um grande amor, você tem que cuidar dele todo dia para não perdê-lo. E nós assistimos, não apenas no Brasil, mas no mundo todo, a sanha para regulamentar as mídias sociais”, afirmou Bolsonaro.

Na sequência, o ex-presidente brasileiro relatou aos participantes do maior evento conservador norte-americano que gastou menos de US$ 1 milhão durante a campanha eleitoral de 2018, além de ter utilizado as plataformas na disputa presidencial, da qual saiu vitorioso contra o petista Fernando Haddad.

“Fiz a minha campanha [eleitoral] em 2018 com as mídias sociais. No total, gastei menos de 1 milhão de dólares. É, eu sei que é inacreditável, mas imagens mostram aqui [no telão do evento, foram expostas cenas de Bolsonaro em agendas pelo Brasil]. Isso aconteceu ao longo de quatro anos no Brasil. Não só em datas festivas, como em qualquer momento que eu tenha aterrissado em qualquer ponto do nosso Brasil.”

Lula e as mídias sociais – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula uma regulamentação do uso das mídias sociais como forma de combater notícias falsas.

Em entrevista à Record TV em fevereiro, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, falou sobre a regulamentação das plataformas. “Não é possível que alguém ganhe dinheiro divulgando desinformação e levando a sociedade a um enorme prejuízo. Devemos respeitar a liberdade de expressão, mas sem permitir que a desinformação sirva para que essas plataformas lucrem sem participação, controle ou monitoramento por parte do Estado”, disse.

Bolsonaro chama de 'sanha' propostas para regulamentar mídias sociaisPaulo Pimenta foi entrevistado pelo ‘JR Entrevista’ no dia 9 de fevereiro, onde falou sobre a regulação das mídias e fake news (Foto: Agência Brasil / Reprodução)

“Vários países avançaram nesse caso. Não é possível que estejamos regrados por um conjunto de leis e não se tenha responsabilidade com o conteúdo. É preciso uma aproximação do ponto de vista da responsabilização. O mundo está fazendo isso, e o Brasil não pode se omitir de fazer esse debate. É importante a aprovação de uma legislação, ainda no primeiro semestre, que responda a essa lacuna”, completou Pimenta.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também defende a regulação das redes sociais. “Nós temos que trabalhar com novas questões, uma delas é a internet. Nós estamos propondo um debate sério sobre isso, alinhado às melhores práticas internacionais, em que não há, obviamente, nenhum cerceamento à liberdade de expressão, mas há compreensão de que liberdade de expressão absoluta não existe. Quem diz isso não sou eu, quem diz isso é o Código Penal”, afirmou durante um evento em São Paulo no mês passado.

Bolsonaro chama de 'sanha' propostas para regulamentar mídias sociaisO ministro da Justiça, Flávio Dino, participou do evento realizado pelo banco BTG Pactual (Foto: Youtube / Reprodução)

TSE e as mídias sociais – Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também quer regulamentar as redes sociais no Brasil, para combater o “populismo de extrema direita” e “proteger a democracia”. A informação foi dada pelo presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, no início de fevereiro durante evento em Lisboa (Portugal), e o documento com as sugestões será apresentado ao Congresso Nacional.

“Não é possível que plataformas sejam imunes à legislação… Nós adotamos várias medidas, que agora levaremos, a partir de uma comissão instituída no Tribunal Superior Eleitoral, ao Congresso Nacional, mecanismos de regulamentação das redes sociais”, afirmou Moraes na ocasião.

O magistrado defendeu que as plataformas de redes sociais sejam consideradas companhias de mídias, e não empresas de tecnologias, como é atualmente. Dessa forma, os estabelecimentos poderiam ser responsabilizados pelos conteúdos veiculados.

 

Fonte: Diário Digital

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