Cachorro-do-mato ‘afrontoso’ testa limites de onça-pintada no Pantanal; veja vídeo

Foto: Cachorro-do-mato estava com os pelos arrepiados ao avistar a onça. — Foto: ArquivoPessoal/RodrigoVentura

Um cachorro-do-mato adotou uma postura “afrontosa” diante de uma onça-pintada, no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (MS), Pantanal de Mato Grosso do Sul. O responsável pelo registro, feito no início deste mês de julho, foi o biólogo e guia bilíngue da Organização Não Governamental (ONG) Onçafari, Rodrigo Falcão Ventura.

O momento foi compartilhado nas redes sociais e fez sucesso entre os seguidores do biólogo. “Momento em que um cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) muito abusado decide testar os limites do Tupã (Panthera onca)”, escreveu Rodrigo na legenda da publicação.

Nas imagens, é possível notar que o cachorro-do-mato estava com os pelos arrepiados. Essa atitude é uma tentativa de parecer maior diante de um predador. “É uma tentativa de intimidar o mesmo por tempo o bastante para fugir ou se esconder, o cachorro estava com os pelos arrepiados justamente para aumentar a sua silhueta”, comenta Rodrigo.

Contudo, a onça-pintada, chamada Tupã, demonstrou indiferença diante da postura intimidadora do cachorro-do-mato e permaneceu caminhando na direção dele. “Como a onça não se intimidou nem um pouco com isso, ele se afastou um pouco, porém sempre cauteloso e com os olhos na onça, para o caso de acontecer uma perseguição”, detalha o biólogo.

Ao notar que a onça-pintada não tinha realmente interesse nele, o cachorro-do-mato tomou a decisão mais acertada e correu. “Fugiu o mais rápido que podia, já que não seria inteligente deixar que ela chegasse mais perto, já que onças muitas vezes caçam os cachorros-do-mato”, frisa o autor do vídeo.

O que fazer ao encontrar uma onça

A atitude do cachorro-do-mato é a mesma que é orientada para os seres-humanos ao ficar diante de uma onça-pintada. O médico veterinário e coordenador do projeto Felinos Pantaneiros, Diego Viana, apontou três ações que devem ser tomadas nessa situação.

Passo 1: mantenha a calma

Apesar do susto, o importante é manter a calma ao avistar uma onça-pintada. Como o ser humano não se parece com as presas comuns dessa espécie, ela não irá reconhecer de imediato uma pessoa como potencial alimento, aponta o médico veterinário.

“Aqui no Pantanal é muito comum as pessoas falarem: ‘a onça não te ofende, ela só se defende’”, comenta Viana.

Passo 2: faça contato visual

Com calma, estabeleça contato visual com a onça-pintada. “O comportamento correto é manter o contato visual, não virar e sair correndo, senão você vai ter o mesmo comportamento de uma presa e assim como um gato ela vai querer brincar com você”, detalha o coordenador do Felinos Pantaneiros.

Passo 3: afasta-se lentamente

É importante permanecer olhando nos olhos da onça ao se afastar lentamente, diferente do que fez o cachorro-do-mato. Conforme Viana, afastar-se olhando para ela é a melhor forma dela não identificar a pessoa como presa. O médico veterinário comenta que já cruzou com onças-pintadas três vezes enquanto estava caminhando. Segundo ele, seguindo as orientações acima, a onça foi a que recuou primeiro.

“Em nenhum momento eu precisei me afastar, ela se afastou primeiro. A gente manteve o contato visual e ela foi embora”, conta.

Surpresa

O biólogo Rodrigo Falcão Ventura conta que o vídeo, feito em 5 de julho, foi durante um momento em que ele estava guiando uma família de hóspedes em um safari. “Encontramos o Tupã deitado na beira de um açude, ficamos observando ele um tempo até que vimos o cachorro-do-mato se aproximando do açude pela estrada de terra. Tupã se levantou e caminhou em direção a estrada, provavelmente para deitar em algum lugar mais fresco e protegido do sol”, comenta.

Ele relata que o mais divertido de acompanhar esses momentos é poder ver de perto a imprevisibilidade dos felinos.

“Foi uma interação bem curiosa, algumas pessoas achavam que o Tupã ia tentar pegar o cachorro-do-mato, outras que ia ignorá-lo. Essa é uma das coisas mais legais dos safaris que fazemos com os hóspedes do refúgio Caiman, como os animais são totalmente selvagens, nunca se sabe o que pode acontecer”, diz.

 

Fonte: G1 MS 

Notícias semelhantes