Candidato a deputado diz que não agrediu ex-amante e desconhece pedidos de medidas protetivas

O candidato a deputado federal Saulo Batista (Republicanos-MS) diz desconhecer o pedido de medida protetiva feito pela ex-amante, Daisa Garcia, em 2020. Porém, em contato com a reportagem, a mulher que esfaqueou o postulante apresentou cópias dos documentos que afirmam a solicitação da medida protetiva de urgência.

Após publicação de notícias sobre o caso, o candidato procurou o g1 para falar que não tem conhecimento dos boletins de ocorrência feitos por Daisa Garcia. “Nunca fui notificado nestas ocorrências. Nenhuma dessas. O que é esquisito que estamos falando de uma coisa de 2020. Segundo: desconheço o boletim de ocorrência, nunca fui citado”, detalha.

Por outro lado, a ex-amante afirmou na solicitação que o candidato a deputado federal, após uma pausa no relacionamento extraconjugal, ameaçou vazar fotos íntimas dela. Ao ser questionado sobre o documento, Saulo relata que na data em que Daisa fez medida protetiva os dois não estavam em relacionamento.

“É impossível que em 2020 tenha dito algum contato de violência física. Nós terminamos sem esse episódio de violência. Quando terminamos, a gente já estava distante há 10 dias. Não teve violência física. Eu desconheço as medidas protetivas”, disse Saulo.

Relacionamento abusivo

Suspeita compareceu à delegacia após o crime. — Foto: Reprodução/RedesSociais

Suspeita compareceu à delegacia após o crime. — Foto: Reprodução/RedesSociais

Em entrevista, Daisa disse que conheceu o candidato em março de 2020. Segundo ela, desde o início o relacionamento era conturbado.

“Conheci o Saulo em março de 2020, foi tudo muito intenso, em pouco tempo estávamos morando juntos. Descobri depois de cinco dias que ele era casado, ele até então nunca tinha falado sobre ela. Tentei me separar, mas ele não quis e continuamos juntos”.

Quando questionada sobre a situação do relacionamento extraconjugal que mantinha, Daisa se disse envergonhada e arrependida de se relacionar com o político. “Ele sempre foi agressivo e não gosta de ser contrariado. A esposa dele sempre soube de mim e eu sabia dela, sempre foi assim”.

Daisa disse que há dois meses alugou um apartamento no mesmo prédio em que morava com Saulo para ter privacidade e receber a filha de 13 anos. Segundo a mulher, o casal morava em andares diferentes, na região central de Campo Grande. Muito abalada, ela afirmou estar com medo da reação do político devido aos últimos acontecimentos.

Discussão terminou em facada, diz polícia

De acordo com a polícia, o casal terminou a relação extraconjugal na manhã da última segunda-feira (26). Durante o depoimento, Saulo informou ter dito a Daisa que viajaria para uma agenda política. Horas depois, ela foi ao apartamento para buscar seus objetos pessoais e encontrou no local o candidato com uma outra mulher.

“Na segunda, ele disse que ia viajar para uma agenda no interior. Como tínhamos terminado, achei que seria uma boa oportunidade de pegar as coisas que eu mantinha no flat dele. Cheguei e comecei a recolher algumas coisas, foi aí que ele apareceu na escada, me jogou contra a parede e começou a me ofender”.

Segundo o registro policial, após ver Batista com outra mulher, uma briga começou entre os três. Durante a discussão, Daisa relatou que estava sendo sufocada e pegou o primeiro objeto que encontrou para se defender, que era uma faca de serra.

“Eu estava cega na hora, só queria tirar ele de cima de mim. Eu não esfaqueei ele, ele que estava me agredindo e precisava me defender”.

“Enquanto ele me agredia, apareceu uma mulher dizendo que não queria confusão, que ela era uma profissional, que só queria o dinheiro. Eu fiquei fora de mim. Depois de todo o terror psicológico que ele fez comigo, ele estava me traindo com uma prostituta? Isso enquanto disse que estaria trabalhando”.

O caso foi registrado como lesão corporal recíproca e segue sendo investigado.

Em entrevista no dia 27 de setembro, Batista disse que agiu em legítima defesa. “Ela pode ter ferimentos no braço e possivelmente no cabelo. No braço foi onde se segura para desarmar alguém que está com uma faca e o cabelo foi para tirar ela de cima de mim”.

Fonte: G1 MS

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