Casamentos demoram mais para começar e duram menos em MS

Mato Grosso do Sul está mudando de forma acelerada a maneira de casar e se separar. Os casais sobem ao altar cada vez mais tarde, permanecem menos tempo juntos e mantêm uma das maiores taxas de divórcio do país. A nova edição da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), detalha como o comportamento familiar no Estado e em Campo Grande tem se transformado nas últimas duas décadas.

A primeira mudança evidente está no adiamento da nupcialidade. Em 2004, a taxa legal de casamentos em Mato Grosso do Sul era de 5,4 uniões por mil habitantes. Dez anos depois, esse indicador saltou para 7,7. Em 2024, a taxa cai para 6,7, mas segue acima do patamar de vinte anos atrás.

O movimento mostra um ciclo em que a população chegou a casar mais no início da década passada e depois retomou um ritmo de queda, acompanhando tendências nacionais. Apesar disso, o Estado se mantém entre aqueles onde a formalização da união ainda ocorre em nível superior ao da média brasileira.

Adiamento aparece também na idade dos noivos. Em 2004, homens se casavam aos 27,4 anos e mulheres aos 24,1. Em 2014, as médias já haviam subido para 29,5 e 26,8. Em 2024, Mato Grosso do Sul chega a 31,6 anos para eles e 29,4 para elas.

Esse avanço é consistente e reflete fatores como permanência maior no mercado de trabalho, estudos prolongados, maior autonomia financeira das mulheres e mudanças culturais que retardam compromissos formais. É um salto de quase cinco anos entre as noivas e de mais de quatro entre os noivos no intervalo de duas décadas.

Já entre casais do mesmo sexo, o padrão também mudou. Em 2014, primeiro ano da série, homens se casavam aos 27,3 anos e mulheres aos 29,9. Em 2024, as médias avançam para 32,1 e 30,9.

Divórcios

Se os casamentos começam mais tarde, eles também terminam mais cedo. A duração média de um casamento em Mato Grosso do Sul era de 18,5 anos em 2004. Em 2014, já havia caído para 13 anos. Em 2024, atinge 11,8 anos.

A redução é uma das mais fortes entre os indicadores do Estado e revela que, mesmo com idade maior para casar, a estabilidade das uniões diminuiu. O intervalo médio perdeu quase sete anos desde 2004.

A taxa geral de divórcios, que mede o volume proporcional de separações, permanece alta. Em 2004, o índice era de 2,6 divórcios por mil habitantes. Em 2014 subiu para 3,6. Em 2024 chega a 3,7, praticamente o mesmo patamar de uma década atrás e pouco abaixo dos níveis recordes observados recentemente.

Os dados judiciais mostram detalhes da ruptura familiar. No ano passado, o Estado registrou 1599 divórcios não consensuais, ou seja, aqueles em que não há acordo entre as partes. A diferença entre homens e mulheres impressiona: foram 1099 pedidos feitos por elas e 500 por eles. Em Campo Grande, esse padrão se repete de forma ainda mais acentuada, com 312 pedidos femininos e 134 masculinos.


Já os divórcios consensuais somam 5269 no Estado, quase o quádruplo dos litigiosos. Campo Grande aparece como o centro dessa movimentação, com 2959 separações amigáveis.

O recorte sobre a estrutura das famílias é outro elemento que chama atenção. A maioria dos divórcios envolve filhos menores. Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 2949 separações de casais com crianças nessa condição. Esse volume é superior ao de casais sem filhos, que somaram 2473. O restante se divide entre famílias com filhos maiores e famílias formadas tanto por adultos quanto por menores.

Na Capital, a lógica é parecida: teve 1416 divórcios com filhos menores, contra 1354 separações sem filhos. Também foram registrados 432 divórcios com filhos maiores e 204 envolvendo filhos maiores e menores.

O perfil etário no momento da sentença reforça a presença de famílias com crianças. Tanto homens quanto mulheres em Campo Grande se divorciam mais entre 35 e 39 anos, justamente a fase típica de maior carga de trabalho, responsabilidades domésticas e criação dos filhos.

 

Matéria: Campo Grande News

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