Com 10 mortes por Covid-19 em 11 dias, doença volta a preocupar

Foto: Lorenzo Spada, morador da Capital, durante vacinação contra o coronavírus nesta terça-feira - GERSON OLIVEIRA

Mortes por Covid-19 voltaram a crescer em Mato Grosso do Sul. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que, entre os dias 25 de junho e 5 de julho, 10 mortes pela doença foram registradas em Campo Grande. Em todo o Estado, neste período, foram 18 vítimas.

Ao Correio do Estado, a superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Veruska Lahdo, afirmou que o aumento do número de mortes por complicações da doença na Capital é preocupante.

“O País inteiro passa por um aumento dos casos de coronavírus, principalmente nessa época do ano, em que cresce a circulação de vírus respiratórios. Não é diferente aqui no Município de Campo Grande. Infelizmente, percebemos o aumento do número de óbitos, antes tínhamos uma média de três mortes por semana”, pontuou Veruska.

A superintendente salientou ainda que, apesar do aumento do número de mortes em decorrência da Covid-19, as internações pela doença se mantêm estáveis.

“Há duas semanas não temos aumento significativo de hospitalizações pelo coronavírus. Mas, em relação aos óbitos, é realmente preocupante esse aumento”, reiterou.

Desde o começo da pandemia, em março de 2020, dados do portal Mais Saúde, da SES, apontam que 4.499 campo-grandenses perderam a vida em decorrência da doença. Em todo o Estado, com dados compilados até esta terça-feira, o número de vítimas era de 10.647 pessoas.

CASOS

Apenas na última semana, entre os dias 28 de junho e 5 de julho, MS registrou 4.449 novas infecções, um aumento de 28,8%, levando em conta os 3.452 casos positivos da semana anterior, entre os dias 21 e 28 de junho.

Depois de três meses de estabilidade, a taxa de transmissão da Covid-19, classificada como Rt, voltou a crescer no País em 9 de maio ao romper o teto de segurança, ultrapassando o número 1.

Até ontem, a taxa de transmissão era de 1,84, o que na prática significa que a cada 100 pessoas com exame positivo para a Covid-19 mais 184 serão contaminadas com a doença.

De acordo com o levantamento da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia feita pela Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a taxa de contágio na região Centro-Oeste é um pouco menor, com o Rt em 1,75, o que faz com que 100 pessoas com a doença contaminem mais 175.

De acordo com o doutor em Doenças Infecciosas Everton Lemos, o aumento repentino de casos de Covid-19 está relacionado às mudanças na temperatura típicas do período de inverno.

“As pessoas se acumulam mais dentro de ambientes fechados, e isso se reflete nas doenças respiratórias. Podemos destacar que esse aumento repentino de casos está muito relacionado ao clima, à sazonalidade da temperatura”, explicou Lemos.

VACINAÇÃO

Na medida que a doença avança, a baixa adesão à imunização preocupa as autoridades em saúde. “Reforçamos mais uma vez a importância de a população procurar as unidades de saúde para a imunização, tanto para a dose de reforço contra a Covid-19 quanto para a dose de influenza, que está aberta para toda a população”, reiterou Veruska Lahdo.

Na Capital, a taxa de imunização com segunda dose ou dose única está em 78,96%, de acordo com dados da SES. Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19, 1,9 milhão de doses já foram aplicadas em Campo Grande.

FALSA SEGURANÇA

Conforme entrevista concedida ao Correio do Estado em maio, o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda destacou que existe por parte da população uma baixa sensação de risco, em razão do momento de maior tranquilidade na pandemia.

“A falsa percepção de segurança faz com que a população acredite que a transmissão da doença seja menor. E o que observamos no momento é um impacto importante de doenças respiratórias, inclusive influenza, que é prevenível com vacina”, afirmou.

Dados da SES apontam que, em outubro do ano passado, a cobertura vacinal contra a Covid-19 em adultos era de 76%, apenas 2% a menos que os atuais 78,59%, considerando as duas doses ou a dose única para o público geral do Estado.

É importante salientar que, desde o dia 15 de janeiro, Mato Grosso do Sul iniciou a vacinação pediátrica contra o coronavírus, mas, apesar do incremento de mais de 230 mil doses aplicadas em crianças dos 5 aos 11 anos até esta terça-feira, a cobertura vacinal geral do Estado custa a avançar.

Atualmente, apenas 23,19% da população dentro desta faixa etária está protegida com as duas doses.

 

Fonte: Correio do Estado

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