Após três anos desde o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, milhares de pessoas ainda não completaram o esquema vacinal contra a doença. Em Mato Grosso do Sul, a cobertura vacinal entre pessoas com 5 anos ou mais atingiu 92,5% em 2023. Embora seja uma taxa alta, a cobertura segue abaixo da média nacional, que é de 93,9%.
Os dados correspondem ao módulo sobre Covid-19 da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), realizada em parceria com o Ministério da Saúde e divulgada nesta sexta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No primeiro trimestre de 2023, 93,9% da população de 5 anos ou mais (188,3 milhões de pessoas) haviam tomado pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19. Entre os homens, 93,0% (90,8 milhões) haviam recebido pelo menos uma dose, o percentual é ainda maior entre as mulheres, 94,8%, (97,5 milhões).
Ao analisarmos os dados regionais, constatamos que, em Mato Grosso do Sul, 2.391 pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina neste primeiro semestre de 2023, enquanto 1.060 não tomaram nenhuma dose do imunizante.
Conforme a pesquisa, no panorama nacional, 88,2% da população de 5 anos ou mais haviam tomado pelo menos duas doses da vacina até o primeiro semestre de 2023. Entre as pessoas com 18 anos ou mais, 92,3% haviam tomado duas doses ou mais. Enquanto para a população de 5 a 17 anos esse percentual foi de 71,2%.
Além disso, 3,4% dos adultos de 18 anos ou mais não tinham tomado nenhuma dose da vacina até o momento da pesquisa. Esse percentual é ainda maior entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, cerca de 14,8%.
Baixa escolaridade contribue para descrença nas vacinas
Uma análise mais detalhada revela que o nível de escolaridade, e consequentemente o acesso limitado à informação, contribui para a desconfiança em relação às vacinas. Segundo dados do IBGE, de um total de 5.482 pessoas não vacinadas, 50,28% não haviam completado o ensino básico (fundamental e médio).
Desse contingente de perfis não vacinados, a maioria, 1.837, possuía ensino fundamental incompleto. Em seguida, observam-se pessoas com ensino médio completo (1.508), fundamental completo (561), médio incompleto (493), ensino superior completo (474), pessoas sem instrução (426), e por último, ensino superior incompleto ou cursando (182).
Os principais motivos alegados para não completar todas as doses recomendadas foram “esquecimento ou falta de tempo” (29,2%), seguido por “não achar necessário, ter tomado as doses desejadas e/ou falta de confiança na vacina” (25,5%), totalizando 54,7% do grupo em questão.
De acordo com o IBGE, as pessoas que não haviam recebido a vacina até o momento da pesquisa representavam 5,6% da população com 5 anos ou mais. Um dado alarmante é que as pessoas mais jovens apresentam uma maior proporção de não vacinados, com 14,8% do total de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos.
Essa proporção foi mais elevada nas regiões Norte e Centro-Oeste, atingindo 23,0% e 22,4%, respectivamente. Entre os adultos, 3,4% deles não se vacinaram, com uma proporção ainda mais alta na Região Norte, atingindo 7,4%.
Não vacinados lideram internações por Covid-19
A pesquisa do IBGE sobre Covid-19 revelou que, entre aqueles que tiveram ou suspeitam ter tido a doença, 89,7% apresentaram sintomas, enquanto 10,0% foram assintomáticos. Além disso, 4,2% das pessoas que foram afetadas pelos sintomas precisaram de internação.
Rosa Dória, analista do IBGE, ressalta que os números de internação estão diretamente correlacionados com a taxa de vacinação contra a Covid-19.
“É possível ainda relacionar a ocorrência de internação com a vacinação, lembrando que o objetivo da imunização é a proteção contra a forma grave da doença. Nesse sentido, verifica-se que, entre os não vacinados, o percentual de internados foi maior do que entre os vacinados”, pontua.
Entre as pessoas que não haviam recebido nenhuma dose da vacina quando tiveram ou suspeitaram ter tido Covid-19 pela primeira vez, 5,1% precisaram ser hospitalizados. Por outro lado, entre aqueles que haviam recebido apenas uma dose, esse número foi de 3,9%. Conforme os dados, entre os que haviam recebido duas doses ou mais, apenas 2,5% necessitaram de internação.
Fonte: Jornal Midiamax