Com uma semana de fronteira fechada, Bolívia suspende exportações

O fechamento da fronteira do Brasil com Bolívia, por meio de Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande, completou uma semana nesta sexta-feira (28). O país vizinho anunciou a suspensão de exportação de soja, açúcar, óleo e carne bovina, para tentar garantir segurança alimentar dos “cruceños”.

A mobilização acontece do lado boliviano, onde a população exige a antecipação em um ano do Censo Demográfico marcado para 2024. Puerto Quijarro fica no departamento de Santa Cruz. O último levantamento foi realizado há mais de uma década, o que impacta na distribuição de recursos e de cadeiras no Congresso.

Até agora, ao menos uma pessoa morreu durante o enfrentamento entre bolivianos contrários e favoráveis ao ato. Segundo o jornal boliviano El Deber, a vítima foi Julio Pablo Taborga, mais conhecido como “Viborita”, morador de Arroyo Concepción.

Exportação

Segundo o ministro do Desenvolvimento Produtivo da Bolívia, Néstor Huanca, a medida de suspender exportações já está em vigor desde quinta-feira e segue até que as condições normais de abastecimento sejam restabelecidas para toda a população boliviana.

O ministro culpou os representantes da Comissão Interinstitucional promotora do Censo e da Comissão Cívica de Santa Cruz pelas consequências da paralisação do setor produtivo e da ameaça à segurança alimentar da população. “Eles são culpados pelos danos e prejuízos milionários que estão sendo causados à Santa Cruz e ao aparato produtivo nacional.”

Ministro do Desenvolvimento Produtivo fez um apelo “à reflexão” às lideranças cívicas e às autoridades departamentais de Santa Cruz para iniciar um diálogo que permita à população boliviana retomar a produção e o fornecimento de alimentos de forma regular e irrestrita.

Impactos

O “paro cívico” no departamento de Santa Cruz de la Sierra também afeta diretamente a região de fronteira com Corumbá. A linha internacional entre os dois países está fechada desde sábado (22) e só é permitido o tráfego a pé. Também há pontos de bloqueio em trechos da estrada Bioceânica.

O setor de importação e exportação é um dos mais afetados. Estimativa de prejuízo do Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística) é de R$ 126 milhões, considerando toda a lógica relacionada ao transporte de produtos.

Segundo o presidente do sindicato, Lourival Junior, o deficit diário é de aproximadamente U$ 5 mil por veículo, o equivalente a R$ 26.240, conforme cotação atual da moeda estadunidense. Conforme Lourival, por haver centenas de caminhões parados, o prejuízo total já acumularia milhões, ao longo de quase uma semana de manifestação.

Em relação ao prejuízo às exportações e importações, o chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá, Erivelto Moisés Torrico Alencar explicou ao jornal Diário Corumbaense que o “valor diário de mercadorias que saem do Brasil para a Bolívia é de R$ 41 milhões e o valor diário de mercadoria que sai da Bolívia com destino ao Brasil é de R$ 4 milhões”.

 

 

– CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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