Com taxa de 2,37%, MS atinge maior índice da construção civil no País

Mato Grosso do Sul registrou em agosto um “boom” no Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira (12), com o patamar de 0,01 anotado em julho, saltando para a maior taxa em todo o País, de 2,37%.

Nacionalmente, o Índice da construção caiu 0,05 ponto percentual em agosto, indo de 0,23% para o atual patamar de 0,18%. Conforme o IBGE, o acumulado em 12 meses também teve queda, de 3,52% (dos 12 imediatamente anteriores) para 3,11%.

Entre as Unidades da Federação, ficaram com índices negativos os Estados de:

  •  Rondônia (-0,21%);
  •  Amazonas (-0,20%);
  •  Ceará (-0,48%);
  •  Rio Grande do Norte (-0,26%);
  •  Alagoas (-0,02%);
  •  Sergipe (-0,16%);
  •  Bahia (-0,40%);
  •  Minas Gerais (-0,14%);
  •  Espírito Santo (-0,14%);
  •  Rio de Janeiro (-0,07%);
  •  Goiás (-0,15) e
  •  Distrito Federal (-0,15%).

Enquanto o custo médio nacional da construção civil, por metro quadrado, fechou agosto em R$ 1.713,52, MS pratica preço abaixo (R$ 1.701,79), ainda que o valor para a região Centro-Oeste (R$ 1.741,72) fique acima da média brasileira.

Cabe ressaltar que esse índice está acima de qualquer marca registrada por Mato Grosso do Sul neste ano, sendo que a variação mais alta, nos últimos 12 meses, foi registrada justamente em setembro de 2022, quando a taxa era de 0,35%.

Cenário local

Gustavo Shiota é arquiteto e vice-presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), e confirma que essa alta é impulsionada pela expectativa depositada no futuro da Rota Bioceânica e demais empreendimentos.

“Temos recebido muitos recursos e empresários de fora do Estado, clientes de Pernambuco; Goiânia; Uberlândia e Curitiba, por exemplo, que trazendo investimento para Campo Grande, investindo em imóveis residenciais, principalmente, imóveis de comerciais eventualmente, para todas as faixas de renda, então, loteamentos de alto padrão a projetos de cunho social”, diz ele.

Para além das expectativas na Rota Bioceânica, prevendo um retorno pela demanda a longo prazo, ele cita também investimentos imediatos que acontecem há algum tempo, como, por exemplo, as indústrias de celulose, inclusive próximas da Capital, que geram alta demanda por mão de obra.

“A gente tem funcionários de todas as faixas de salários, muitos desses procurando moradia aqui em Campo Grande também. Então o Mato Grosso do Sul tem um aumento expressivo e em Campo Grande reflete ainda mais, com essa alta procura de residência e consequentemente o mercado todo aquecendo indiretamente e elevando aí o custo da construção”, analisa ele.

Ainda, profissionais do setor sinalizam que esse “boom” é observado desde a época da pandemia, quando houve aumento nos respectivos preços de materiais e afins, entretanto, esse valor acima ganha força no Estado por Mato Grosso do Sul não acompanhar as grandes capitais.

A grosso modo, é como se o crescimento do Estado estivesse atrasado, onde se constrói em grande volume na tentativa de acompanhar o mercado, como esclarece a arquiteta Jessica de Abreu.

“Quem construiu ou investiu em regiões como o Noroeste; Indubrasil; Itamaracá; Cristo Redentor, que tinham chances de crescimento, tem muita casa parada que não vende porque os valores são muito altos”, afirma ela.

Custo médio do m² nos últimos 12 meses – variação percentual no mês. Fonte: Sinapi/IBGE

Gustavo concorda com esse “atraso” no aumento do Sinap em MS, visualizado entre julho e agosto, dizendo que nos meses e até no ano anterior para cá, o custo da construção em Campo Grande foi maior do que no restante do Estado.

Para Shiota, essa é uma oportunidade a longo prazo para investidores e empreededores, uma vez que os preços, de forma mais geral, não atingiram níveis muito altos, mas há cenários que precisam ser considerados.

“O mercado mobiliário continua a crescer, é possível que os empreendimentos valorizem também, de uma forma geral a longo prazo, e aí um potencial de retorno sobre investimento, mas a gente tem também alguns riscos de desaquecimento”, comenta.

Quanto ao desaquecimento, o risco fica justamente no colo das flutuações econômicas e políticas, já que o mercado imobiliário é sensível e considerado um dos primeiros a sentir.

“O desaquecimento econômico-político pode restringir o crédito imobiliário e também pode afetar a demanda e uma desaceleração no mercado, mas eu não vejo isso acontecendo de forma breve, muito pelo contrário. As expectativas aí são muito altas, nos próximos dois, três anos”,

Ele frisa que a chegada das indústrias, com investimentos na casa dos R$ 20 bilhões, refletem diretamente no mercado da construção civil, seja por quem não tem e busca uma moradia, ou aqueles que enxergam potência no setor como fonte de investimento.

 

Fonte: Correio do Estado

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