Entenda o que é a Cúpula dos Líderes e como ela vai influenciar as discussões da COP30

Foto: Mulher caminha em frente à logo da COP30. — Foto: AP Photo/Eraldo Peres
Evento deve lançar iniciativas como o fundo para florestas tropicais, iniciativa que visa recompensar financeiramente os países que preservam suas florestas.

Cúpula dos Líderes da COP30 começa oficialmente nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), com a presença estimada de mais de 50 chefes de Estado e de governo. 

O encontro marca a abertura política da Conferência do Clima da ONU, que terá suas negociações formais entre 10 e 21 de novembro.

O evento, organizado pela Presidência brasileira, reúne governantes, vice-presidentes e ministros de cerca de 140 países.

Segundo o Itamaraty, a cúpula busca dar “direção política” às negociações, sem caráter deliberativo.

“A cúpula não é deliberativa. O que é deliberativo é a COP. Não há ideia de documento final na cúpula, isso será da conferência”, explicou o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.

Nem todos os países, contudo, serão representados por seus chefes de Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, não enviaram representantes políticos de alto escalão, e Donald Trump não participará do encontro.

Após uma série de reuniões bilaterais, é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que abrirá oficialmente a Cúpula.

Lula também deve aproveitar o evento para lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund, TFFF) e defender compromissos internacionais voltados à erradicação da fome, redução da pobreza e ampliação do uso de biocombustíveis.

O que é e como vai funcionar?

 

A Cúpula foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e organizada pela Presidência brasileira da COP30.

Em dois dias, haverá pronunciamentos na plenária e três mesas de alto nível.

Na primeira sessão, dedicada a florestas e oceanos, Lula deve apresentar oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF):

  •  Estrutura: O TFFF adota um modelo de fundo de investimento com gestão de carteira de renda fixa voltado ao financiamento climático.
  •  Captação: Pretende mobilizar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em recursos, combinando aportes de países e fundações com emissões de títulos no mercado financeiro.
  •  Alavancagem: A operação utiliza uma lógica de alavancagem financeira, multiplicando o capital inicial por meio da emissão de dívida de baixo risco.
  •  Aplicação: O dinheiro será aplicado em ativos globais de renda fixa, com foco em investimentos seguros e sustentáveis que gerem retorno acima do custo do fundo.
  •  Distribuição: A diferença entre o rendimento obtido e o valor pago aos investidores (spread) será usada para remunerar países que preservam florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.
  •  Critérios: Pagamento anual por hectare de floresta preservado; destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais; proibição de investimentos em combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).
  •  Prioridade: Foco em países com grandes áreas tropicais, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, além de outras nações em desenvolvimento com florestas úmidas.
  • Já a segunda sessão, dedicada à transição energética, deve concentrar as discussões sobre metas de curto e médio prazo.

    Entre os compromissos em debate estão triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030, duplicar a eficiência energética e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), uma coalizão liderada por Brasil, Itália e Japão que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

    O grupo abrange tecnologias como hidrogênio verde, biogás, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.

    Por fim, a terceira mesa fará um balanço dos dez anos do Acordo de Paris (2015–2025), avaliando o cumprimento das metas nacionais e o que deve ser incorporado nas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) para 2035.

    O debate também abordará o financiamento climático, com destaque para o Roteiro Baku–Belém, plano apresentado pelas presidências do Azerbaijão (COP29) e do Brasil (COP30).

    O documento prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, com base em cinco pilares: reforçar, reequilibrar, redirecionar, reestruturar e reconfigurar o sistema financeiro climático global.

    Fonte: G1 Portal de Noticias

 

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