Entenda os motivos para o conflito entre indígenas guarani kaiowá e polícia em Amambai (MS)

Foto: Mortes foram confirmadas pela Apib. — Foto: Redes sociais/Reprodução

De um lado, os indígenas da etnia Guarani Kaiowá alegam como motivo para o conflito em Amambai (MS) a retomada de uma terra ancestral que faz parte de uma reserva destinada aos povos indígenas. Do outro, militares dizem que foram acionados para “coibir uma invasão”.

O conflito entre indígenas e policiais começou na sexta-feira (24). Ao menos sete indígenas ficaram feridos e dois óbitos foram mencionados pela Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib). O hospital que recebe os feridos dos confrontos confirma uma morte.

Em nota divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Aty Guasu, assembleia Guarani Kaiowá, disse que o ataque tem sido chamado pelas comunidades de “massacre de Guapoy”, em referência ao nome dado pelos indígenas ao território em disputa.

Segundo o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, o conflito se iniciou porque quando indígenas atacaram policiais militares que foram acionados para “coibir uma invasão”.

“A Polícia Militar foi atender uma ocorrência grave de crime contra o patrimônio com risco de morte eminente, tanto que nossos policiais foram recebidos a tiros. Nós vamos manter o reforço em toda aquela região para evitar novos confrontos”, explicou o secretário.

O secretário comentou que a Polícia Militar foi acionada para conter o que seria uma invasão “para garantir a segurança daqueles que estavam nas residências”. Videira alegou que a ida do Batalhão de Choque foi “necessária”.

“Quando o Batalhão de Choque chegou, ele foi recebido a tiros. Três policiais foram atingidos”. Até o momento, policiais ainda estão na região de confronto. Videira disse que “a situação do local está controlada”. Helicópteros militares sobrevoaram o local.

Entenda o caso

De acordo com a polícia, a propriedade rural foi ocupada pelos indígenas Guarani Kaiowá ainda na quinta-feira (23). Na sexta-feira (24), equipes do Batalhão de Choque foram enviadas à cidade. Durante o dia foram registradas dois conflitos, um no início do dia e outro à tarde.

Uma testemunha ouvida pela reportagem relatou momentos de tensão. Segundo a pessoa, policiais do Batalhão de Choque estão em formação em frente à fazenda e disse que vários drones sobrevoam o local.

A fazenda onde o conflito ocorre pertence ao grupo VT Brasil. A reportagemtentou contato com os proprietários da propriedade rural, mas não obteve retorno.

Para os indígenas, o local onde acontece o conflito faz parte do território Guapoy, uma terra que pertencia aos ancestrais dos povos originários. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) explica que “Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado – quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai”.

Depois da retomada (termo utilizado pelos indígenas), entre quinta e sexta, os policiais foram acionados e alegaram terem ido à propriedade para “coibir o crime contra o patrimônio”.

Feridos e mortos

Três menores de idade, de 12, 14 e 17 anos, estão entre os indígenas feridos no conflito entre policiais em Amambai. A vítima de 12 anos teve lesões por arma de fogo no fígado e está intubada. Todos os menores estão internados em Ponta Porã (MS).

Ao todo, até o momento, 7 indígenas precisaram receber atendimento médico. Uma morte foi confirmada, a de Vito Fernandes, 42 anos. A Apib afirma que houve um segundo óbito.

Outros três indígenas foram encaminhados feridos para o Hospital Regional de Amambai e foram levados para a delegacia de Polícia Civil assim que receberam alta neste sábado (25).

A sétima vítima ferida, uma jovem, de 22 anos, precisou ser encaminhada para o Hospital da Vida, em Dourados. A mulher está com o quadro de saúde estável.

Fonte: G1 MS

Notícias semelhantes