Estoque na rede pública está com 18% dos medicamentos em falta

Foto: (Ilustrativa)

O índice de abastecimento da rede pública de saúde de Campo Grande caiu 8% em dois meses.

Em julho, a taxa de cobertura estava em 90%; após 60 dias, diminuiu para 82%. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) atribui o cenário à falta de matéria-prima no mercado, ao não cumprimento do prazo de entrega por parte dos fornecedores e à estagnação no processo de compra dos insumos, em decorrência da atualização dos preços.

Ao Correio do Estado, a pasta informou que, atualmente, há algumas faltas pontuais por razões diversas, como as já citadas.

A Sesau evidenciou que o descumprimento do prazo de entrega pelos fornecedores é uma adversidade frequente, razão pela qual o setor tem ajuizado ações judiciais contra as empresas responsáveis, no intuito de garantir o abastecimento do medicamento e evitar que haja uma descontinuidade no tratamento e na assistência da população.

Conforme o publicado em julho pelo Correio do Estado, alguns antibióticos e insulinas de uso restrito estavam em falta nas prateleiras dos estabelecimentos encarregados pelas distribuições na Capital.

Neste mês, o problema é, também, a ausência de fraldas geriátricas no Centro de Especialidades Médicas (CEM). O desabastecimento tem prejudicado idosos que precisam do item para manutenção da higiene, principalmente aqueles pacientes debilitados e acamados.

É o caso da campo-grandense Edna Pinto Nogueira, 73 anos, que não consegue adquirir as fraldas na unidade há mais de 90 dias.

De acordo com a filha, Josiane Pinto Nogueira, 41 anos, a mãe precisa do item com urgência, pois a família não tem condições financeiras de manter todos os cuidados que a idosa demanda e ainda comprar as fraldas.

“Minha mãe tem Alzheimer. A gente só consegue elas [fraldas] via pedido judicial e tem uns três meses que não consigo. Ligo lá todo dia e a única informação que recebemos é de que não tem previsão de entrega”, pontuou.

Nogueira ressaltou que a família gasta, em média, R$ 500,00 por mês na compra de 300 fraldas geriátricas na rede privada. A idosa utiliza por dia 10 fraldas descartáveis.

“Como minha mãe tem que ter uma cuidadora, ela não anda mais, a gente tem que pagar também a alimentação, porque ela se alimenta via gastro. Para a gente é muito complicado”, salientou.

Em resposta à situação, a Sesau afirmou que aguarda um novo carregamento de fraldas geriátricas em até 30 dias. Conforme a pasta, o processo de compra está sendo feito de forma emergencial, em razão da falta do insumo.

“A Sesau estabelece o quantitativo de suprimento de acordo com o número de pacientes atendidos, contudo, diariamente novas solicitações de fornecimento de fraldas são feitas, impactando assim no estoque e planejamento”, diz em nota.

Ainda de acordo com a secretaria, na compra emergencial foi sinalizada à empresa a necessidade de que a entrega seja feita com urgência, para que os pacientes sejam assistidos da forma adequada.

PEDIDO JUDICIAL

A Sesau explicou que o acesso a medicamentos e insumos via pedidos judiciais no município é feito por meio da aquisição do insumo, e não por meio de pagamento para que o paciente adquira o produto.

Entretanto, o setor responsável pelos pedidos no CEM confessou que há a possibilidade do “sequestro do valor” quando não há o item ou medicamento disponível.

INSULINA

Conforme publicado pelo Correio do Estado em julho, pacientes que necessitam de insulinas específicas, ou “especiais”, oferecidas apenas com pedido judicial, válido por até seis meses, ficaram sem receber o medicamento por dois meses.

O fornecimento das insulinas é feito de maneira compartilhada, a cada seis meses, entre estado e município.

Em Campo Grande, pacientes com diabetes podem adquirir os medicamentos por meio do CEM, administrado pela Sesau, e por meio da Casa da Saúde, gerida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Joelma Matos, 50 anos, lida com a doença da filha, Caroline Conceição, 21 anos, desde que a jovem tinha 8 anos. De acordo com ela, a falta dos medicamentos acontece frequentemente.

Na época, a Sesau informou que a insulina regular não estava em falta no estoque da rede municipal de Campo Grande. Entretanto, havia faltas pontuais por razões diversas, como indisponibilidade do produto, estagnação no processo de compra e não cumprimento do prazo de entrega.

Após a reportagem, a falta de insulina para a filha de Joelma foi regularizada. “No mês passado [agosto], consegui pegar normal”, contou a mãe.

A Sesau acrescentou que não há faltas generalizadas de insulina.

Fonte: Correio do Estado

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