Alimentação desta sexta-feira havia sido fornecida por restaurante terceirizado, que também foi fechado
A empresa Cook Pontual, que fornece alimentação para os pacientes internados no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, foi interditada totalmente nesta sexta-feira (13) pela Vigilância Sanitária de Campo Grande e pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco). Um segundo local, que preparou o alimento consumido hoje pelos pacientes, também foram fechados por péssimas condições sanitárias.
Em vistoria realizada no dia anterior, fiscais já havia encontrado irregularidades no local e impedido o funcionamento, entretanto, como ele continuava aberto hoje, o órgão voltou ao local, acompanhado da polícia, e fechou totalmente o prédio.
De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária municipal, Orivaldo Moreira, na quinta-feira uma equipe havia visitado o prédio da empresa, localizado na Rua das Garças, e encontrou problemas estruturais, além da falta de alvará sanitário para funcionamento. Por este motivo o local foi interditado até que esses problemas foram sanados.
Porém, denúncia anônima informou que apesar da interdição, o local continuava funcionando normalmente, o que levou os fiscais a retornarem a empresa. No local, funcionários ainda trabalhavam em uma das áreas do prédio.
“A gente fez o trabalho de campo e vamos encaminhar para a Decom (Delegacia Especializada do Consumidor) porque eu entendo que reiterou uma prática contra a saúde pública, não dá para ficar só na desobediência, porque eles estavam funcionando”, declarou a delegada Ana Paula Medina, titular da Deco.
Segundo a delegada, o local não poderia ter sido aberto novamente até que ele se adequasse as exigências feitas pela Vigilância Sanitária.
A alimentação que deveria ser repassada ao hospital nesta sexta-feira, entretanto, não estava sendo feita neste endereço. Foi então que os fiscais e a polícia se dirigiram a um segundo endereço, localizado na Rua Brasil. Neste prédio, onde funciona um restaurante, Moreira declarou que os fiscais encontraram péssimas condições de funcionamento e o empreendimento também funcionava sem alvará da Vigilância.
“Encontramos barata, rato, o freezer estava em péssimas condições. Ele foi fechado imediatamente”, declarou o coordenador. O local, porém, foi o responsável pelo fornecimento da alimentação desta sexta-feira aos pacientes do HU.
Conforme a delegada, a relação entre a Cook Pontual e o restaurante interditado vai ser apurada pela Delegacia do Consumidor. “A intenção não é de forma alguma atrapalhar aquele que está trabalhando e impedir o seu ganha pão, porém, a gente tem que lembrar que a legislação ela tem que ser seguida”, disse Medica, que também informou que os responsáveis pelos empreendimento seria conduzidos a delegacia para prestar esclarecimentos.
OUTRO LADO
De acordo com o advogado da Cook Pontual, Eliton Carlos Ramos, a empresa havia sido interditada parcialmente, por isso ela continuava em funcionamento no espaço onde não havia sido identificado problemas por parte dos fiscais. “Nós entendemos que era uma interdição parcial para readequação da estrutura, mas outro espaço continuava em funcionamento, por isso entendemos que não houve desobediência da determinação”, afirmou.
Ramos alega ainda que no dia 27 de novembro fiscais da Vigilância haviam comparecido ao prédio e emitido notificação para que, no prazo de 60 dias, algumas irregularidades fossem sanadas, entretanto, antes mesmo desse prazo ser concluído os fiscais retornaram ao local e realizaram a interdição.
Ainda segundo o advogado, esse espaço que continuou em atividade seria responsável pelo fornecimento de frutas e sobremesas ao hospital. Como o local impedido de funcionar seria a cozinha, a alimentação de hoje foi terceirizada para um restaurante temporariamente porque o contrato não poderia ser interrompido.
Entretanto, em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Universitário, a reportagem foi informada de que a administração não havia sido informada pela empresa contratada que a alimentação fornecida hoje teria sido terceirizada. Segundo o hospital, as marmitas foram entregues pela própria Cook Pontual.
Sobre a interdição da empresa, o hospital afirmou que aguarda distribuição de mandado de segurança ingressado pela própria empresa para impedir que o fornecimento seja interrompido. “Nosso gerente administrativo Carlos Coimbra vai pessoalmente conversar com o juiz para explicar que não pode haver interrupção na distribuição das marmitas”, informou a assessoria.
Ainda conforme o HU, a Cook Pontual apresentou toda a documentação prevista em edital de licitação para funcionamento. O certame foi vencido pela empresa no início deste ano e o fornecimento teve início em novembro de 2019. O contrato tem validade de um ano e a contratada receberá R$ 5,7 milhões neste período.
O hospital ainda informou que possui em estoque alimentos suficientes para o lanche da tarde e para o jantar desta sexta-feira, porém, caso a interdição permaneça vigente no sábado, o centro médico terá que fazer uma compra de emergência dos suprimentos.
“Temos funcionários que trabalham no setor de nutrição, porém apenas para fornecimento de alimentação dos funcionários, mas se for necessário eles têm condições de preparar alimento também para os pacientes”, finalizou o hospital.
Os responsáveis pelo restaurante localizado na Rua Brasil não quiseram conversar com a reportagem.
Fonte: Correio do Estado