A fronteira da carreira de treinador de Rogério Ceni

Repercutiu bem a entrevista coletiva sincera de Rogério Ceni. Não deveria. Apesar de o técnico não ter sido populista, dito a verdade sobre não vender sonhos, descartado Lucas, falado sobre o risco de contratar jogadores de clubes menores, mais uma vez se colocou em desalinho com a direção.

Muita gente não percebeu que, especialmente a frase sobre Lucas, era uma resposta indireta à entrevista da véspera, do diretor Carlos Belmonte à ESPN. “Monitoramos o Lucas, como temos obrigação de fazer com todo grande jogador. Não há nada sobre contratá-lo, apenas temos o compromisso de que, se voltar ao Brasil, ouvirá primeiro o São Paulo.”

Belmonte não disse que há chance de contratar. Também não vendeu sonhos.

À parte os constantes desalinhos de Rogério com a diretoria, que o fizeram questionar sua própria permanência por três vezes, sempre depois de presidente e diretores garantirem que seguiria, a fronteira do bom técnico são-paulino é outra. Revela-se quando dá a entender que o Fluminense tem elenco melhor do que o seu.

Não tem.

Pelo menos não tinha, quando Fernando Diniz chegou às Laranjeiras, em maio. Rogério diz que o trabalho do São Paulo foi bom, mas no Brasil só se é aprovado quando se ganha um título. “Chegar a duas finais e uma semifinal pode ser considerado bom”, afirmou.

Sim, tanto que direção e torcida aprovam sua permanência. Por outro lado, Fernando Diniz não ganhou nenhum título, e seu desempenho no Fluminense é, unanimemente, considerado superior ao de Rogério.
Em outras palavras, o diferencial do Fluminense para o São Paulo não é o elenco. É o técnico.

Há um ano, Diniz estava desempregado. Rogério voltou ao Morumbi em outubro de 2021. Com Tite deixando a seleção, Ceni poderia se lançar ao cargo, com um pouco mais de sucesso nas finais contra Palmeiras e Independiente del Valle ou com um pouco mais de brilho das atuações de sua equipe.

Rogério tem potencial para ser o melhor treinador sul-americano, dirigir a seleção ou um time da Europa. Ainda parece esbarrar em sua dificuldade de compreender que os jogadores que comanda não serão brilhantes como foi. Seu papel é o de professor, e isso pressupõe paciência e compreensão.

Não dá para aprovar a contratação de André Anderson e Galoppo e seis meses depois descartá-los como se não tivesse nenhuma participação em suas vindas.

Rogério quer mais três contratações. Um reserva para Calleri, um ponta e um lateral esquerdo. A diretoria lhe disse que o Estadual será para experimentar Liziero como reserva da lateral.

Méndez é excelente contratação. Jogador de Copa do Mundo, extremamente profissional, pode ser a chave de um meio de campo criativo e vencedor.

O São Paulo não é favorito a nenhum troféu. Contraponto, precisa ter ambição em todos. Rogério não é um vendedor de sonhos. Ele é o sonho da torcida, de ver sua liderança, seus treinos e estratégias fazerem um grupo de jogadores bom jogar um futebol ótimo. Esse é o papel do grande treinador.

Lázaro muda

O Corinthians não jogou bem, e o técnico Pedro Caixinha interferiu bem ao puxar Juninho Capixaba para o meio. O primeiro tempo insosso virou segunda etapa firme. Aparentemente, Fernando Lázaro fará seu time marcar em bloco médio. Diferente de Vítor Pereira.

Os reforços

Abel Ferreira não esperava contratar se ninguém saísse. Como saíram dois, têm de chegar dois. A direção concorda. A ponderação é que reforços de 2022, Tabata e López, devem jogar melhor, adaptados ao sistema. A estreia foi opaca, mas o Palmeiras tem caminho.

 

Fonte: Correio do Estado

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