A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) foi ocupada pela maior parte das lideranças do Estado, contra a exoneração do coordenador, nesta segunda-feira (10). Enquanto aguardam resposta do MPI (Ministério dos Povos Indígenas), os serviços no local estão suspensos.
Ao todo, cerca de 30 representantes — sendo caciques de Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Miranda e Campo Grande — permaneceram, por duas horas, reunidos na Funai. Lideranças de Nioaque e de outros locais disseram não estar presentes pela falta de apoio logístico.
Dias antes, na última quinta-feira (6), outros cinco caciques apresentaram documentos, pedindo a saída do coordenador, o qual, supostamente, iria assumir um cargo no Ministério, de secretário-executivo, conforme explicou o Terena Kadiwéu Atikum Guató Ofaié, que assumiu em 2023.

“O que há é ingerência do secretário-executivo do MPI, para colocar pessoas ligadas a ele e facilitar manobras políticas. Questão política. Quer comandar o Estado como quer”, diz Elvis Terena, coordenador da Funai MS.
“Temos aqui cerca de 25 caciques e viemos repudiar a atitude dos cinco caciques que assinaram e enviaram uma carta para o MPI, pedindo a troca da chefia da Coordenadoria da Funai de Campo Grande”, disse.
O coordenador, no entanto, nega qualquer acordo e fala que “nunca teve conversa formal”. Já o cacique Jadiel Gabriel rebate.
“Nós estamos aqui no intuito de apoiar nosso coordenador regional. Estamos com cerca de 30 caciques e pedimos permanência do nosso coordenador”. E continua: “Se isso não ocorrer, vamos manter a ocupação aqui, até uma resposta da nossa ministra Sônia Guajajara”, comentou.

Jadiel argumenta também que o trabalho está sendo bem feito, em parceria, por alguém que, conforme ele: “É do nosso sangue, então, queremos continuar”, falou. Ana Batista Figueiredo — representando o CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista) — comenta que “toda ação a ser feita deve ser comunicada à comunidade”.
Clenivaldo Pires Xavier, capitão da Aldeia Babaçu, fala que tem que ter respeito e que uma minoria pediu para tirar o coordenador sem ouvir a maioria. “Vamos permanecer aqui, ocupados. Nosso movimento é da permanência do coordenador. Ocupação pacífica, e nada vai funcionar. Tudo está paralisado”, comentou.
Ageu Reginaldo, cacique, também se mostrou insatisfeito com o gesto. “Nós, líderes maiores, não aceitamos a forma de conduzir uma tentativa de autoritarismo. Prezamos pelo respeito, principalmente por caciques e capitães. Não aceitamos decisões monocráticas por parte de poucos caciques. Não aceitamos a transferência do nosso coordenador para o MPI. Queremos ele aqui, onde o trabalho está muito bem desenvolvido”, encerrou.

Fonte: Jornal Midiamax






















