Motorista do caminhão que levava carga de 28 toneladas de maconha, a maior apreensão feita no Brasil, Vanderlei Cesar Hermann, 38 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal de Naviraí. Já o destino da volumosa carga será o fogo. Na decisão, o juiz federal Luciano Tertuliano da Silva determinou que seja guardada amostra da droga para confecção do laudo definitivo e eventual contraprova.
Do Rio Grande do Sul, Vanderlei foi preso em flagrante na última quarta-feira (dia 20), próximo ao município de Tacuru. Ele disse que receberia R$ 40 mil para levar a droga de Ponta Porã até São Leopoldo (RS), lá, o caminhão seria deixado no pátio de uma empresa.
A investigação começou de maneira inusitada. Na madrugada do dia 20, em hotel de Ponta Porã, agente da PF (Polícia Federal) verificou um homem com atitude suspeita, questionando a terceiro se era ele que veio lhe buscar.
A pessoa era Vanderlei, que na sequência entrou em uma caminhonete com placas do Paraguai, país que faz fronteira com Ponta Porã. O agente conseguiu descobrir a identidade e verificou que Vanderlei Cesar Hermann era dono de três caminhões.
Os dados dos veículos foram compartilhados com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), que localizou o caminhão. Na revista ao compartimento de carga do veículo, foi encontrada a carga de maconha oculta por uma pequena camada de milho.
O preso disse que recebeu a oferta para levar a droga durante churrasco em posto de combustíveis de Maracaju. O motorista chegou a Ponta Porã na terça-feira (dia 19), entregou o caminhão e depois pegou o veículo carregado. O contratante foi identificado apenas como “irmão”.
De acordo com o juiz, o preso é tecnicamente réu primário, tendo contra si apenas dois termos circunstanciados comunicando supostas práticas de ameaça e crime ambiental, mas a quantidade de drogas é fator que pode ser considerado dedicação a atividades criminosas.
“Nesse contexto, considerando o modus operandi plasmado na grande quantidade da substância entorpecente transportada, no alto valor de mercado notoriamente sabido, na desproporcionalidade desse valor à luz das condições financeiras informadas, na dissimulação da droga em carga de grãos para dificultar a fiscalização policial, o auxílio de terceiros no intento criminoso e, principalmente, o vultoso montante que seria pago ao motorista em caso de êxito, remontam severos indícios de o preso integrar organização criminosa dedicada ao tráfico ilícito internacional dessa substância, daí a necessidade de manter a segregação fitada a assegurar o maior êxito possível à instrução criminal”, afirma o magistrado.
De acordo com a polícia, o auge da colheita de maconha no Paraguai explica a apreensão recorde de 28 toneladas do entorpecente. Tradicionalmente, a partir de abril e maio começa um fluxo maior de droga para o Brasil. A fronteira entre o Paraguai e Mato Grosso do Sul, apesar de fechadas em alguns pontos por conta da pandemia do novo coronavírus, tem longa e porosa extensão territorial.
CGNEWS