A área de Cerrado onde houve desmatamento cresceu entre 2022 e 2023, na porção do bioma que fica em Mato Grosso do Sul.
Na comparação, 49,2% a mais de alertas de desmate foram emitidos pelo Deper (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no Estado, de acordo com dados divulgados hoje (5).
O percentual supera o aumento de áreas em alerta registrado em todo o Cerrado brasileiro, no mesmo período. Ele também foi elevado: 43,2%. Inclusive, o bioma foi bem mais atingido que a Amazônia, que teve queda de 50%.
Do total de 7.828,26 km² em alerta no Cerrado de todo o território nacional, 292,30 km² estavam em Mato Grosso do Sul em 2023.
Oitavo lugar
Quanto às demais unidades da federação cobertas por ele, Mato Grosso do Sul aparece em oitavo entre os que mais sofreram a ameaça em 2023. Os quatro primeiros destacados pelo Inpe são Maranhão (1.765,1 km²), Bahia (1.727,8 km²), Tocantins (1.604,4 km²) e Piauí (824,5 km²).
O instituto havia divulgado, em 9 de novembro de 2023, levantamento do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), sistema de satélite mais preciso também ativo no Cerrado, que mostrava o incremento de desmate no bioma em Mato Grosso do Sul estando em 358,79 km². O número já era maior do que os consolidados nos oito anos anteriores. Numa análise decrescente de cada período, só é batido por 2015 (586,62 km²).
Os dados do Deper e do Prodes são diferentes. Os do primeiro não tem a precisão como meta. Seu principal objetivo é detectar o desmate enquanto ele ocorre, para orientar a fiscalização ambiental em determinada área. Já o segundo, que ainda não teve os dados de 2023 consolidados, é mais preciso na análise das perdas vegetais.
Ameaças
O desmatamento no Cerrado cresce num ritmo acelerado. Preocupação relacionada a isso é a disponibilidade de água no futuro, já que o bioma dá cobertura vegetal a grandes reservas hídricas.
Em outubro de 2023, o Campo Grande News destacou que foi o bioma com a maior perda de florestas naturais em 37 anos.
“Em biomas como no Cerrado e na Caatinga, que já perderam parte significativa de sua vegetação nativa, o ritmo do desmatamento das savanas é alarmante, principalmente na região do Matopiba (MA), que ainda apresenta grandes remanescentes deste ecossistema, mas que estão sendo convertidos para a expansão da agropecuária”, destacou a pesquisadora da equipe do Cerrado no MapBiomas, Barbara Costa.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS