Mato Grosso do Sul mais do que dobrou seu número de captações de órgãos e tecidos durante o primeiro semestre de 2023, saltando de oito registrados no último ano para 18, uma maior adesão e popularização do tema que é diferencial entre a vida e a morte.
Operando desde 1999, a Central Estadual de Transplantes (CET) de Mato Grosso do Sul já realizou cerca de 4,4 mil procedimentos que vão de transplantes de córnea, medula óssea e até de tecido músculo esquelético.
Parte da Secretaria de Estado de Saúde, a Central destaca números crescentes que, aliados a campanhas que difundem esses ideais de doação, mudam para melhor o cenário regional e trazem esperança para famílias que há anos aguardam por um transplante em Mato Grosso do Sul.
Além das 18 captações de órgãos (que representam aumento de 125% neste ano), conforme os dados, de janeiro a junho MS realizou:
- 97 transplantes de córnea;
- 14 transplantes renais;
- 2 transplantes de medula óssea autogênico e
- 1 transplante de coração
Já o balanço do mesmo período em 2022 mostram:
- 120 transplantes de córnea;
- 3 transplantes renais e
- 08 captações de órgãos
Ainda este mês, através de sua Secretaria de Saúde, o governo do Estado anunciou a campanha que incentiva a população a se tornar doador, aproveitando o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, celebrado no próximo dia 27.
Cabe explicar que a CET é composta por uma rede de serviços, que vão desde a organização de procura de órgãos, laboratório, banco e as chamadas comissões intra-hospitalares de doação.
Em Mato Grosso do Sul existem nove Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), em unidades da Capital e do interior do Estado.
Entenda os transplantes
Sendo um assunto delicado, ainda envolto em tabus, a CIHDOTT faz questão de esclarecer certos pontos, como a possibilidade de ser um doador em vida, permitida (após avaliação médica) entre parentes até quarto grau ou cônjuge.
Rins, parte do fígado e parte do pulmão são listados como órgãos que podem, sim, ser doados em vida. Outro ponto delicado é quanto ao transplante de medula óssea, já que essa necessidade de compatibilidade total entre doador e receptor.
Após a morte, é possível serem doadas: as córneas; ossos; pele; medula óssea; valva cardíaca; coração; pulmões; pâncreas; rins; intestino delgado e figado, mas cabe frisar que, segundo a lei 9.434/2007, regulamentada pelo decreto 9.175/2017, como a norma exige autorização de cônjuge ou parente maior de idade, até o segundo grau, a decisão final é da família.
Por isso, é preciso que ainda em vida as pessoas manifestem aos seus parentes e amigos mais próximos, a vontade de se tornar um doador.
Professor de biologia, Carlos Alberto Rezende, fundou o Instituto Sangue Bom, que conscientiza sobre campanhas de doação de sangue e medula óssea, após ser um beneficiado com transplante de rim. Em entrevista à SES, ele relata que tomava comprimidos diários, recebendo até três transfusões por mês.
“Até que exatamente um ano depois eu recebi a notícia que tinha um doador compatível. Quando você vive uma situação como essa que você precisa de um gesto de amor de outra pessoa que você não conhece para que você permaneça vivo, por mais que você tenha uma visão cética, você começa a enxergar as coisas de uma forma diferente”, conta.
Ainda, vale lembrar que existe apenas uma única lista de transplantes, que vale tanto para a rede privada quanto pacientes do Sistema único de Saúde.
Também, como noticiou o Correio do Estado no último mês, ainda este ano os transplantes de coração foram suspensos no Estado devido aos altos custos operacionais.
Questionada, até a publicação desta matéria, a Secretaria de Estado de Saúde não apontou se atualmente há equipes ou hospitais autorizados a fazer o transplante do órgão em Mato Grosso do Sul.
Fonte: Correio do Estado