Embora figure entre os maiores PIBs (Produtos Internos Brutos) agropecuários do Brasil, Mato Grosso do Sul não consegue traduzir sua riqueza em bem-estar para a população.
A pesquisa Agro & Condições de Vida, realizada pela Agenda Pública, mostra que, mesmo com alta produtividade agrícola, os municípios sul-mato-grossenses avaliados apresentam desempenho médio ou baixo nos principais indicadores sociais.
Entre os 50 municípios brasileiros com maiores PIBs agropecuários, 11 estão no Nordeste, três no Sudeste e 31 na região Centro-Oeste.
No Estado, as oito cidades mais ricas do setor agropecuário registraram índices de qualidade de vida inferiores a 0,60, em uma escala que vai de 0 a 1, sendo que valores acima de 0,60 indicam bom desempenho.

Panorama
Ribas do Rio Pardo e Rio Brilhante obtiveram os melhores resultados em Mato Grosso do Sul, ambos com 0,54. Em seguida aparecem Três Lagoas e Costa Rica (0,50), Ponta Porã e Sidrolândia (0,49). Entre os piores resultados estaduais estão Maracaju (0,47) e Dourados (0,43).
No Brasil, o melhor resultado foi o de Cascavel (PR), com 0,57, já o menor desempenho ficou por conta de Correntina (BA), com 0,42.
O Índice Condições de Vida – Município Agro considera seis indicadores: Educação, Saúde, Infraestrutura, Proteção Social, Desenvolvimento Rural e Gestão de Qualidade. Nenhum dos municípios avaliados no país alcançou pontuação acima de 0,60.
Destaques e deficiências
Na Saúde, Rio Brilhante lidera entre os 50 municípios analisados, com índice de 0,85, seguido por Ribas do Rio Pardo, com 0,79. Dourados, por outro lado, apresentou o pior desempenho nacional nesse quesito, com 0,33.
Em Infraestrutura, Costa Rica ocupa a quinta posição no ranking, com índice de 0,68. No indicador de Gestão de Qualidade, Três Lagoas ficou entre os três melhores do Brasil, com 0,63.
Quanto à Proteção Social, Ribas do Rio Pardo alcançou 0,75, indicando bom desempenho na garantia de direitos e no acesso a serviços para a população em situação de vulnerabilidade.
Já o Desenvolvimento Rural foi, em média, o pior indicador entre todos os municípios pesquisados, com média nacional de apenas 0,31. Em Mato Grosso do Sul, a exceção foi Sidrolândia, terceira colocada no país, com 0,41.
A Educação apresentou resultados preocupantes: Ponta Porã registrou o segundo menor índice nacional, com 0,26.
Medidas futuras
De acordo com o diretor executivo da Agenda Pública, Sérgio Andrade, os dados evidenciam a necessidade de um olhar mais atento e de investimentos focados, para que a riqueza gerada pelo agronegócio beneficie de forma mais concreta a população local.
A pesquisa conclui que a gestão pública municipal exerce papel mais determinante no desenvolvimento do que o tamanho da economia ou da população. Para o setor agropecuário, os resultados reforçam a importância de integrar práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), com foco no fortalecimento da agricultura familiar, na redução das desigualdades e na promoção de uma governança que impulsione o desenvolvimento sustentável.
Matéria: Campo Grande News