Estudo publicado nesta quarta-feira (26) pelo MapBiomas concluiu que o Pantanal é o bioma brasileiro que mais perdeu superfície de água nos últimos 38 anos em relação ao próprio tamanho.
Havia 61% menos água em 2023 na comparação com a média histórica analisada desde 1985 pela organização.
Nos três mapas (figura acima), dá para ver que a cobertura no ano da que foi considerada a última grande cheia pantaneira, estava distante do ponto de partida do estudo e mais próxima de 2023, quando o bioma ficou 50% mais seco que em 2018.
Menos tempo
O conjunto de dados mostra que o Pantanal tem ficado menos tempo debaixo d’água a cada ano, diz o pesquisador do MapBiomas, Eduardo Reis Rosa.
Com a redução das chuvas no planalto, o período de alagamento e o tamanho das áreas inundadas estão diminuindo desde o início dos anos 2000, ele aponta.
“O Pantanal estava por mais tempo alagado no início da série. No final da série, ele concentra esse alagamento em dois meses”, compara.
O estudo considera somente as áreas que ficaram úmidas por seis meses ou mais em todos os biomas.
Eduardo lembra como funciona o Pantanal.
“Ele recebe influência do ciclo de águas no planalto, na cabeceira da Bacia do Alto Paraguai, e tem essa essa realidade do pulso de inundação: ele alaga e seca todo o ano”.
A Bacia do Paraguai, inclusive, é a que mais perdeu a superfície de água analisada no mesmo estudo do MapBiomas. Foi de 55% a queda. O pesquisador vê isso com preocupação e chama atenção para a relação com o Pantanal.
Secas e incêndios
Os anos de 2021 e 2022 são os mais secos da série histórica apresentada. Eduardo afirma que houve episódios ainda mais extremos na década de 60, mas ressalta que a realidade era outra.
A crise climática, que eleva a temperatura e altera o ritmo das chuvas, além do desmatamento no planalto influenciam o cenário atual, ele fala.
Os incêndios que destroem o bioma neste mês de junho assustam por uma intensidade não vista igual no mesmo período dos últimos 22 anos, conforme alertou o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na semana passada. E a seca está relacionada a eles.
“O ano passado foi seco e, em 2024, o Pantanal não encheu. Agora, seria esperado que estivesse secando. Não teve inundação porque o Rio Paraguai estava abaixo do nível, não choveu o suficiente nas cabeceiras, e agora nós vemos incendiar justamente as áreas próximas às margens do Rio Paraguai”, relaciona.
O não prolongamento da seca depende do ciclo de chuvas. Porém, as previsões não são animadoras.
“Se olharmos a previsibilidade climática, ela é catastrófica. Precisamos contar com possível resposta do uso e conservação do solo, parar com desmatamento nas Áreas de Proteção Permanente, nas áreas de nascentes e fazer o manejo adequado na agricultura”, finaliza Eduardo.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS