A saca de milho com 60 kg teve desvalorização de 47,56% no mercado físico de Mato Grosso do Sul neste ano. Em janeiro, o cereal era negociado a R$ 73,51, já na semana passada o preço pago ao produtor foi de R$ 38,56.
No comparativo com os preços praticados há dois anos, em setembro de 2021, quando a saca era comercializada a R$ 81,13, a queda é ainda mais acentuada (52,47%).
Conforme as entidades representativas do setor e analistas de mercado, os preços baixos são provenientes da produção recorde do grão nas últimas duas safras combinada a outros fatores.
O analista de inteligência de mercado da StoneX João Pedro Lopes disse, em entrevista à Folha de São Paulo, que 2021 e 2022 foram anos de preços altos para os grãos.
“Isso por conta de uma combinação de safras prejudicadas por questões climáticas no Brasil e no mundo, efeitos inflacionários da pandemia de Covid-19, desvalorização cambial por aqui e da guerra entre Rússia e Ucrânia, a partir de fevereiro de 2022, que afetou o embarque de grãos ucranianos e o preço de insumos agrícolas, como os fertilizantes”, analisa.
Já neste ano, os preços apresentam tendência de queda acentuada, em função da expectativa de forte produção no Brasil, da elevada oferta também nos Estados Unidos e, mais recentemente, da valorização do real, que torna as exportações brasileiras menos atrativas.
Para base de comparação, em setembro de 2019, a saca com 60 kg de milho era comercializada a R$ 30,26 no mercado físico de MS, passando a R$ 47,56 no mesmo período de 2020, chegando a R$ 81,13 em 2021, recuando a R$ 70,25 em setembro do ano passado e despencando a R$ 38,56 na semana passada.
Safra
Estimativa do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS) aponta que o Estado deve produzir 80,33 sacas de milho por hectare na segunda safra 2022/2023.
A projeção é de que a safra seja 5,39% maior em relação ao ciclo 2021/2022, atingindo área de 2,325 milhões de hectares. A expectativa é de que a produção seja de 11,206 milhões de toneladas, o que significa retração de 12,28% na comparação com o ciclo anterior.
De acordo com o boletim Casa Rural da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a colheita da safrinha segue lenta no Estado.
Até o momento, a área colhida alcançou 65,61% ou 1,525 milhão de hectares, atraso de 20% em relação ao ciclo anterior. No mesmo período do ano passado, 85,6% da área semeada havia sido retirada das lavouras de Mato Grosso do Sul.
“A colheita no Estado está progredindo lentamente, produtores aguardam melhores preços para avançar com a operação”, explica o boletim Casa Rural.
O boletim técnico ainda detalha que 87,2% das lavouras acompanhadas pelo Siga MS estão em boas condições, 10,4% delas em situação regular e 2,4% são consideradas ruins.
Entre os empecilhos enfrentados nesta safra estão o aumento da infestação do Sorghum halepense, também conhecido como capim-massambará ou vassourinha, e o tombamento de algumas lavouras com as tempestades que incidiram no Estado.
“Os ventos intensos registrados em agosto resultaram no tombamento do milho, sobretudo na região sul de Mato Grosso do Sul. Acredita-se que cerca de 15 mil hectares já foram comprometidos. Algumas propriedades sofreram danos em sua totalidade”, informa o boletim.
“Os agricultores prejudicados enfrentarão desafios na operação de colheita. Dependendo da intensidade do vento, o dano pode resultar no tombamento total das plantas. Nesse cenário, a plataforma de colheita do milho não opera de maneira eficiente, o que leva à necessidade de processamento ou até mesmo de colheita manual”.
41,20% da safra já foram comercializados
Segundo levantamento realizado pela Granos Corretora, até o dia 4 deste mês, Mato Grosso do Sul já havia comercializado 41,20% do milho 2º safra 2022/2023, 0,20 ponto porcentual abaixo do índice apresentado no mesmo período do ano passado.
Fonte: Correio do Estado