Prefeito de Terenos é preso em operação contra fraude

Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande, é centro de operação contra fraudes desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na manhã desta terça-feira (9). Os mandados de prisão estão sendo cumpridos no município e, entre os alvos, está o prefeito Eduardo Henrique Wancura Budke (PSDB).

Segundo apurado pela reportagem, são pelo menos 10 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão. Em Terenos, as equipes chegaram às 6h e foram até a Prefeitura, residências de empresários e um bar. Em Campo Grande, houve cumprimento de mandado em uma casa no bairro Santo Antônio.

Em nota, a assessoria da Prefeitura confirmou a varredura no prédio público, mas declarou que o Executivo não foi comunicado oficialmente sobre o “real motivo da ação”. A administração acrescentou que está colaborando com as autoridades, fornecendo todas as informações e documentos “que se fizerem necessários para o esclarecimento dos fatos”.

A nova ofensiva ocorre um ano após a Operação Velatus, conduzida pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e pelo Gaeco. Na época, servidores eram suspeitos de fraudar licitações milionárias para desviar recursos públicos. O ex-secretário de Obras, Isaac Cardoso Bisneto, foi preso em Campo Grande e acusado de integrar o esquema e liberado em fevereiro deste ano.

As investigações apontaram o uso de empresas sem experiência como fachada para contratos. Alguns eram assinados antes mesmo de haver sede física ou ligação de energia elétrica. Mensagens obtidas pelo Ministério Público indicavam divisão prévia dos contratos e repasses de valores a agentes públicos.

Indícios

Em maio de 2025, o MPC-MS (Ministério Público de Contas de Mato Grosso do Sul) conseguiu no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) a suspensão de contratos da Prefeitura de Terenos por indícios de fraude. A medida interrompeu pagamentos e proibiu novos atos que agravassem prejuízos ao erário.

Na ocasião, a Prefeitura informou que abriria sindicâncias para apurar irregularidades e eventual participação de servidores. Declarou ainda que todos os contratos haviam sido aprovados por órgãos de fiscalização.

Até a publicação desta reportagem, não havia detalhamento oficial sobre os nomes do presos, nem sobre os objetos apreendidos na operação desta terça-feira.

Policiais do Gaeco durante cumprimento de mandados da Operação Velatus, deflagrada em agosto de 2024 (Foto: Arquivo)

Um ano antes

A Operação Velatus, deflagrada em agosto de 2024 pelo Gaeco, Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e 1ª Promotoria de Justiça de Terenos, revelou um esquema de fraudes em licitações milionárias da Prefeitura.

O então secretário de Obras, Isaac Cardoso Bisneto, preso preventivamente 12 dias após deixar o cargo, foi acusado de atuar em conluio com empresários que apresentavam propostas idênticas para simular concorrência e usavam empresas de fachada sem sede ou energia elétrica.

As investigações apontaram transferências de R$ 21 mil e R$ 2 mil para o pai do secretário, Isaac Cardoso Neto, interpretadas como indícios de propina. Durante as buscas, foram presos também os empresários Hander Luiz Corrêa Groti Chaves, flagrado com uma pistola calibre 22, e Genilton da Silva Moreira, que tentou esconder notebook e celulares no telhado de casa. Ambos foram liberados após pagamento de fiança.

Outro empresário, Sandro José Bortoloto, dono da Angico Construtora, teve R$ 10 mil em espécie apreendidos em sua residência. Entre as empresas envolvidas na chamada “farra das convidadas” estavam D’Aço Construção e Logística, Bonanza Comércio e Serviços, HG Empreiteira, Base Construtora e Angico, ligadas a políticos e ex-servidores do município.

À época, a Prefeitura de Terenos anunciou abertura de sindicâncias para apurar as irregularidades e afirmou que todos os contratos haviam sido aprovados por órgãos de fiscalização estaduais.

 

Matéria: Campo Grande News

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