Em um bate-bola de perguntas e respostas, Sergio Marcon falou sobre as perspectivas de mercado, situação dos investimentos, desafios e cuidados que estão sendo tomados pela cooperativa neste momento.
Em uma entrevista para a edição de junho do informativo COOASGO de n° 11, o Diretor Presidente da Cooperativa Agropecuária São Gabriel do Oeste Sergio Luiz Marcon falou sobre o atual cenário com a pandemia do Coronavírus, respondendo a perguntas relacionadas a economia, perspectivas de mercado, situação dos investimentos e os desafios de administrar a cooperativa neste momento inédito em que vivemos.
Confira como foi a entrevista na íntegra:
- Qual a sua visão do atual cenário da economia no País em meio a pandemia do Coronavírus?
Sergio: Quando nós encerramos o ano de 2019, acreditávamos que o cenário que se desenhava para 2020 era superior e melhor em economia, em desenvolvimento do que teria sido 2019. No decorrer do mês de março, nos deparamos com o início da pandemia, até então ainda não declarada do Coronavírus e isso veio a trazer sérias preocupações, relacionadas ao andamento da economia mundial.
As exportações como um todo do agronegócio continuam boas, com preços elevados para a soja e o milho, e ainda fortalecida por um dólar mais alto frente ao real e isso faz com que quem exporta tenha condições de obter um faturamento bem significativo.
A preocupação maior neste momento concentra-se no mercado interno, pois não sabemos quando os grandes centros e a nossa economia vão reagir, correndo o risco de sermos atingidos em um futuro próximo por uma onda de baixo consumo, inferior ao que já temos.
Há preocupação? Sim. Desespero? Não. É necessário termos um planejamento e nos prepararmos para que quando ocorrer a abertura da economia, possamos acompanhar esse crescimento e superar o atual momento em que estamos vivendo.
- Qual a perspectiva de um modo geral das cooperativas e agroindústrias neste momento?
Sergio: Todas as cooperativas ligadas ao agronegócio estão tendo o cuidado de aproveitar o forte momento das exportações. Nesse sentido, a COOASGO não exporta, mas atua como uma das 11 cooperativas singulares a Central Aurora Alimentos, a qual está exportando num bom volume, suprindo com as exportações, a queda no consumo interno.
E graças a um bom comprador de commodities e proteínas que é a China, e com a elevação do dólar, nós estamos conseguindo através da Aurora, colocar os nossos produtos e a nossa produção, como um todo para o mercado internacional.
- Quais cuidados estão sendo adotados pela cooperativa no enfrentamento a pandemia?
Sergio: Desde meados de março, quando se tornou evidente de que nós teríamos sim uma forte entrada da COVID-19 no território brasileiro, nos dá COOASGO tivemos a preocupação de nos antecipar e fazermos algumas medidas de controle e prevenção, as quais foram amplamente divulgadas, para que a gente pudesse evitar ao máximo a contaminação dos nossos profissionais e de todos aqueles que nos atendem por meio das empresas parceiras, para que o nosso negócio, que é produzir suínos para entregar a Aurora, não tivesse que ser interrompido, causando um problema sério na nossa economia.
Estamos já no final do mês de junho e felizmente dentro do quadro de colaboradores da COOASGO não tivemos nenhum registro até o momento de contaminação com o vírus e na Aurora os casos são baixíssimos, então isso nos leva a poder dar continuidade a nossa rotina de trabalho.
- Como está o andamento das principais atividades da cooperativa a exemplo da suinocultura?
Sergio: As atividades da COOASGO não param, principalmente na suinocultura, onde toda a semana temos inseminação, leitões sendo desmamados, entrega de animais no campo e todos os dias temos os carregamentos de suínos para o abate.
Outra atividade essencial é a produção de ração, em que as fábricas não podem parar. Todo esse manejo, todo esse cuidado tem que ser contínuo. Então são ações que estão sendo desenvolvidas e que será dado continuidade, sendo implantadas também algumas medidas de prevenção como o aumento do estoque de insumos para produção de ração e adiantamentos de abates, para que possamos continuar produzindo sem interrupções.
- Em relação aos investimentos anteriormente planejados como o de construção de uma nova fábrica de ração, a que pé estão?
Sergio: Nós fizemos todos os levantamentos possíveis e estamos fechando os orçamentos, deste que será um investimento de aproximadamente R$ 40 milhões, para que tenhamos sim uma nova fábrica que venha a atender o presente e o futuro da suinocultura da nossa cooperativa.
Também já estivemos reunidos com os representantes do Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), onde colocamos a nossa urgência nesse projeto, contratando uma empresa que vai nos auxiliar na confecção da carta consulta que será encaminhada ao FCO e acreditamos que até meados do mês de julho ela já esteja protocolada junto ao banco do Brasil e seja aprovada, para que possamos conquistar diante das nossas dificuldades, o financiamento necessário para a construção desta obra.
Outro investimento que temos hoje e que inclusive está com as obras em pleno vapor, é a da nossa nova Multiplicadora de Matrizes, a Granja Rio Verde, a qual enfrentou alguns contratempos motivados por fatores externos como as chuvas, que fizeram com que a obra tivesse um pequeno atraso. Posterior a isso, as obras foram retomadas e seguem sem interrupções, com a empresa executora tomando todos os cuidados devidos, visando a segurança e bem-estar de toda a sua equipe de trabalho, formada por aproximadamente 100 funcionários.
- Em 2019, a COOASGO encerrou o ano com o maior faturamento de sua história, alcançando um resultado líquido de R$ 32,8 milhões, o que esperar para este ano?
Sergio: Da mesma forma que trabalhávamos desde o começo de 2020 com a expectativa de termos um bom ano, essa previsão está de certo modo, sendo possível através dos resultados apresentados até o primeiro semestre do ano, tanto da nossa cooperativa, como os da Aurora.
Como eu havia dito no início da entrevista, as vendas para o mercado externo, principalmente para a China, acompanhadas pelo valor do dólar, nos dá uma perspectiva de que tenhamos sim um ano de 2020 tão bom, ou até mesmo superior ao que foi 2019. E isso graças ao fruto do trabalho dos nossos associados, dos nossos colaboradores e das empresas na qual nós também temos participação como a Cooperativa Central e ao agronegócio como um todo, que não parou diante da pandemia.
- Quais os desafios de se administrar uma cooperativa neste momento inédito em que o mundo se vive?
Sergio: Como é um momento inesperado por todos, nós não temos uma fórmula correta de administrar e fazer esse enfrentamento. Nós temos sim ouvido, praticado e tentado acertar o máximo possível. Isso é algo inédito, que ninguém da nossa geração havia se deparado ainda com um fato tão grande e tão grave como esse, onde milhares de vidas foram perdidas e que ainda não se tem uma data para se encerrar.
Nós temos trabalhado junto com a nossa equipe, com nossa administração, nossos conselheiros, para que a gente possa passar bem por esse momento e lá na frente olhar para trás e poder dizer: – Sobrevivemos e também crescemos. É um momento de planejar e não de se desesperar.
- Uma mensagem final.
Estamos em meados de 2020, um ano de muitas expectativas e possibilidades, mas também um ano de realidade. Estamos enfrentando agora esse momento do Coronavírus, que exige muito cuidado e reflexão. Precisamos nos fortalecer e sermos solidários uns com os outros, dando a força necessária para que consigamos sair dessa pandemia mais fortalecidos, mais humanos e mais companheiros.
Desejo a todos, que estão lendo essas palavras que possam refletir sobre o que estamos vivendo, que possamos nos tolerar e entender que é um momento de união em prol da nossa saúde, da nossa economia e da economia do nosso país. Um abraço a todos.
Texto e fotos: Suzana Vanessa