Primeira leva da vacina contra bronquiolite deve contemplar só 27% das gestantes em MS

Mato Grosso do Sul receberá 10.755 doses da vacina contra o VSR (vírus sincicial respiratório) a partir desta terça-feira (2). O imunizante, considerado essencial para reduzir casos de bronquiolite em recém-nascidos, será destinado a aproximadamente 39 mil gestantes a partir da 28ª semana no Estado. No entanto, devido ao volume inicial limitado, apenas 27% desse público deverá ser contemplado nesta primeira remessa.

O Ministério da Saúde confirmou o início da distribuição nacional da vacina, com entregas previstas entre terça (2) e quarta-feira (3). O primeiro lote, com 673 mil unidades, contempla todos os estados e o Distrito Federal. Ele integra parte da compra de 1,8 milhão de doses feita pela pasta.

Segundo o Ministério, estados e municípios poderão iniciar imediatamente a vacinação nos postos de saúde. As entregas seguem calendário pactuado entre Governo Federal, estados e prefeituras e iniciam pelo Distrito Federal. Os demais estados devem receber as vacinas até 3 de dezembro. O transporte ocorre por vias aérea, rodoviária ou multimodal, conforme a logística de cada região.

A oferta da vacina no SUS, que, na rede privada, pode custar até R$ 1,5 mil, foi viabilizada por meio de acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório produtor, garantindo a transferência de tecnologia ao Brasil. Com isso, o país passará a produzir o imunizante, com o intuito de ampliar a autonomia nacional e o acesso da população.

Cenário em MS

Em 2025, Campo Grande notificou 3.140 casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave). Do total, 594 estão classificados como infecção pelo VSR, principal causador da bronquiolite e pneumonia. Destes, 391 acometeram bebês com menos de 1 ano. Os dados são do Painel de Síndromes Gripais e Respiratórias da Cievs (Coordenadoria de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde).

A SRAG engloba casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória. As causas variam e incluem o vírus sincicial respiratório, influenza, covid-19, rinovírus, entre outros agentes virais.

Conforme a SES (Secretaria de Estado de Saúde), a vacinação durante a gestação possibilita que os anticorpos passem para o bebê pela placenta, garantindo proteção desde o nascimento, período em que a criança está mais vulnerável a infecções respiratórias. A vacina pode ser aplicada até a última semana de gestação.

“Esse efeito é especialmente importante nos primeiros meses de vida, quando o bebê ainda não pode receber diretamente outros imunizantes contra o VSR”, detalhou a Secretaria.

Prevenção de novos surtos

SRAG
Unidade de atendimento. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Em Mato Grosso do Sul, a estratégia de vacinação prevê a imunização de todas as gestantes a partir de 28 semanas com uma dose única, contabilizando 39.989 pessoas.

“A inclusão desta vacina visa prevenir as formas graves de doença do trato respiratório inferior associados ao VSR em crianças menores de 6 meses mediante a vacinação de gestantes. De modo adicional, visa reduzir a sobrecarga dos serviços de saúde do SUS quanto ao atendimento em decorrência das doenças respiratórias causadas pelo VSR em crianças menores de 6 meses”.

No entanto, a SES antecipa que não há previsão de ampliação do público-alvo. “A estratégia já está definida pelo informe técnico do PNI: todas as gestantes a partir de 28 semanas de gestação”, disse em nota.

Treinamento de equipes

Em novembro, a SES anunciou que concluiu o treinamento das equipes e alinhou fluxos com os municípios e as equipes das UBS (Unidades Básicas de Saúde), que iniciarão a aplicação assim que o Ministério da Saúde entregar as vacinas.

“Mato Grosso do Sul está com toda a rede de saúde estruturada para iniciar a vacinação contra a bronquiolite em grávidas a partir de 28 semanas de gestação. O imunizante que integrará o SUS (Sistema Único de Saúde) deve chegar ainda neste mês aos estados”.

O alinhamento prévio com as equipes municipais permite que toda a rede opere com fluxo definido, o que, segundo a SES, garante segurança e eficiência na distribuição e aplicação. “A rede está organizada para garantir que cada gestante receba a dose no tempo certo”, afirmou a secretária-adjunta de Estado de Saúde, Crhistinne Maymone.

Incorporação da vacina ao SUS

A incorporação da vacina recombinante Abrysvo (Pfizer) — destinada a gestantes — ao SUS foi anunciada em fevereiro pelo Ministério da Saúde. Além disso, a pasta anunciou a incorporação da vacina de anticorpo monoclonal Nirsevimabe, indicada para bebês prematuros e crianças com comorbidades. No entanto, ainda não há uma data definida para que o Nirsevimabe esteja disponível na rede pública.

Atualmente, essas vacinas estão disponíveis somente na rede privada, com preços que variam de R$ 1.599 a R$ 1.760, podendo chegar a R$ 4 mil. No Brasil, a vacina Arexvy (GSK) está indicada para idosos, enquanto a Abrysvo (Pfizer) pode ser aplicada em idosos, gestantes e pessoas com comorbidades a partir dos 18 anos. Já o anticorpo monoclonal Nirsevimabe (Beyfortus) está recomendado para bebês com menos de dois anos.

Com a inclusão no SUS, a meta é reduzir internações e mortes relacionadas ao VSR. Entre 2018 e 2024, o Brasil registrou mais de 83 mil internações de bebês prematuros por complicações ligadas ao vírus, como bronquiolite e pneumonia.

Estratégia combinada pode proteger até 2 milhões de bebês

Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde informou que estudos apresentados à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) apontam que a vacinação de gestantes pode evitar até 28 mil hospitalizações por ano.

A estratégia de imunização prevê ações ativas e passivas. Isso porque, com a vacina administrada durante a gestação (imunização ativa), os anticorpos passam da mãe para o bebê. Com a vacina Nirsevimabe (imunização passiva), há proteção imediata. A combinação pode proteger cerca de 2 milhões de bebês nos primeiros meses de vida, período em que estão mais suscetíveis a infecções respiratórias graves.

SRAG
Crianças são as principais vítimas da bronquiolite. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Vacina recombinante Abrysvo: aplicada em gestantes, induz a produção de anticorpos transferidos ao feto durante a gestação, protegendo o recém-nascido nos primeiros seis meses de vida.

Nirsevimabe (Beyfortus): anticorpo monoclonal que oferece proteção imediata contra o VSR, sem necessidade de estimular o sistema imunológico da criança. Indicado especialmente para prematuros e crianças menores de dois anos com comorbidades.

A adoção dessas tecnologias resulta da articulação entre a Saps (Secretaria de Atenção Primária à Saúde), o PNI (Programa Nacional de Imunizações) e o Sectics (Departamento de Assistência Farmacêutica).

Vírus sincicial respiratório

Responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos, o VSR é altamente prevalente. Estimativas indicam ainda que uma em cada cinco crianças infectadas precisará de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 pode precisar de hospitalização no primeiro ano de vida.

Até então, a única alternativa preventiva disponível no SUS era o palivizumabe, voltado a casos de maior gravidade. Com a chegada do Nirsevimabe, a expectativa é ampliar a proteção para mais 300 mil crianças além do atual público-alvo.

Em nota, o Ministério da Saúde, por meio do DPNI (Departamento do Programa Nacional de Imunizações), informou que, em março, realizou uma reunião com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização para definir a estratégia de implementação e iniciar o processo de aquisição das novas tecnologias.

A previsão era de que, a partir do segundo semestre deste ano, os bebês nascidos no Brasil receberiam a proteção por uma estratégia de profilaxia, enquanto gestantes iriam receber uma dose da vacina, transmitindo aos bebês imunidade contra o vírus sincicial respiratório por até seis meses.

 

Fonte: Jornal Midiamax

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