Protesto de indígenas por falta de água na MS-156 acaba com tiros de bala de borracha e pastor ferido

O terceiro dia de bloqueio na rodovia MS-156, no município de Dourados, por indígenas que protestam contra a falta de água nas aldeias Jaguapiru e Bororó, foi encerrado por agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar na manhã desta quarta-feira (27), que dispararam tiros de borracha e bombas de gás. Veja o vídeo abaixo

Vídeo:

As duas aldeiascompõem a maior reserva indígena em área urbana do país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Juntas, elas possuem 13.476 indígenas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena, o equivale a aproximadamente 10% dos indígenas que vivem em Mato Grosso do Sul.

De acordo com os moradores, as aldeias enfrentam uma grave falta de água potável há semanas.

Vídeos registrados por moradores das aldeias mostram os policiais se aproximando da reserva, enquanto os indígenas tentam se proteger e argumentar sobre reivindicação.

Durante a tentativa de encerrar o protesto, os policiais detiveram quatro indígenas. Além disso, cinco policiais se feriram. Ainda conforme apurado no local, os manifestantes apedrejaram dez viaturas, que tiveram os vidros quebrados.

Equipes encaminharam os indígenas para a delegacia, enquanto os policiais militares feridos foram levados para atendimento médico no Hospital da Vida, em Dourados.

A prefeitura de Dourados relatou que um termo foi assinado no dia (22) deste mês pela Prefeitura e DSEI-MS para a construção de poços nas aldeias.

Em nota, a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), esclareceu que mantém um contrato para a distribuição de mais de 70 mil litros de água potável por semana via caminhões-pipa e articula com a Prefeitura de Itaporã o fornecimento de 100 mil litros de água por dia, sendo 50 mil destinados a Jaguapiru e 50 mil a Bororó.

Ainda no início desta tarde, um caminhão pipa chegou na região, possivelmente para atender a população indígena que protesta por falta de água. A rodovia entre Itaporã e Dourados continua totalmente bloqueada.

O bloqueio do trecho da rodovia começou na última segunda-feira (25), o que gerou um grande congestionamento.

Questionada do porquê a ação policial foi realizada na reserva indígena e não somente no ponto de bloqueio da rodovia, o governo do estado esclareceu que a ação visa garantir o direito de ir vir.

Leia, abaixo, na íntegra:

A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas politico-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos.

Confronto entre indígenas e policiais militares. — Foto: Reprodução
Confronto entre indígenas e policiais militares. — Foto: Reprodução

Nota da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI)

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Mato Grosso do Sul, mantém um contrato para a distribuição de mais de 70 mil litros de água potável por semana via caminhões-pipa e articula com a Prefeitura de Itaporã o fornecimento de 100 mil litros de água por dia, sendo 50 mil destinados a Jaguapiru e 50 mil a Bororó. Além disso, estão em andamento a perfuração de dois novos poços, um em cada aldeia, em parceria com a Prefeitura Municipal de Dourados e a Secretaria de Estado e Cidadania, com previsão de conclusão em até 40 dias.

A Sesai também negocia uma solução conjunta com a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e a Sanesul. A proposta inclui a extensão da rede de abastecimento que atende a região urbana de Dourados e a formalização de convênios para operação e manutenção do sistema, visando soluções estruturais e de longo prazo.

Embora as comunidades já contem com 14 sistemas simplificados de abastecimento de água, esses não atendem plenamente à demanda local devido a altos índices de desperdício e uso inadequado da água tratada. As ações emergenciais realizadas têm o objetivo de minimizar os impactos imediatos enquanto soluções definitivas estão sendo implementadas.

Fonte: G1 MS e Jornal Midiamax

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