Um grupo criminoso que se passava por policiais federais para extorquir traficantes e integrantes de facções chegou a exigir até R$ 15 milhões de cada vítima para que falsas investigações não fossem levadas adiante. Para pressionar o pagamento, os suspeitos monitoravam alvos e até familiares que viajavam para outros estados – incluindo deslocamentos para Mato Grosso do Sul – numa estratégia de intimidação permanente.
A informação foi detalhada na coletiva da Polícia Federal de Goiás, nesta terça-feira (11), durante a deflagração da Operação Isfet 2. A ofensiva cumpriu mandados também em Campo Grande, onde agentes federais estiveram em um consultório odontológico na Rua Senador Ponce, no Jardim Monte Líbano.
Segundo o delegado Murilo de Oliveira, responsável pela investigação, o grupo escolhia alvos com histórico criminal, avaliando antes a capacidade econômica de cada um. Com isso, o grupo apresentava “ofertas” personalizadas de uma suposta imunidade, sempre em troca de pagamentos milionários.

Os falsos policiais negociavam diretamente com advogados das vítimas e marcavam encontros em locais próximos à Superintendência da PF (Polícia Federal) em Goiás para reforçar a aparência de legitimidade. Eles portavam crachás, distintivos e armas de fogo – alguns falsificados de forma grosseira, mas suficientes para convencer quem já teme a atuação policial. “Dependendo da circunstância, soa verdadeiro”, explicou o delegado.
A apuração revelou que os integrantes da quadrilha mantinham vigilância constante: acompanhavam rotinas, endereços, deslocamentos e até familiares que viajavam. Em alguns casos, esses parentes foram monitorados em outras cidades, entre elas Campo Grande, para aumentar a pressão psicológica e acelerar o pagamento exigido.
Apesar da violência e do caráter intimidatório dos encontros, quase nenhuma vítima denunciava. Conforme a PF, o silêncio ocorria porque os extorquidos já possuíam condenações e temiam desdobramentos legais. A investigação só avançou após a denúncia de um advogado em Balneário Camboriú, que percebeu inconsistências nas supostas negociações com “agentes”.
A organização criminosa tem base principal em Goiás, mas seus mentores e intermediários se distribuem por outros estados. Nesta segunda fase da operação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão temporária em Goiânia, Goianira, Trindade e Campo Grande.
A Polícia Federal reforça que o objetivo agora é mapear todos os envolvidos, desde quem identificava os potenciais alvos até quem participava diretamente das abordagens e extorsões. “Eles exploravam a vulnerabilidade de pessoas já condenadas e tentavam ampliar o esquema com promessas falsas de proteção”, concluiu o delegado.
Na primeira fase da operação, deflagrada em julho deste ano, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na cidade de Goiânia (GO) e um mandado de prisão preventiva em Timóteo (MG) – que resultou na captura do líder da organização criminosa. No momento da prisão, ele também foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Durante a ação, documentos falsos de identificação policial foram apreendidos.
Matéria: Campo Grande News






















