Após enfrentar uma série de intempéries climáticas a colheita da safra de soja 2021/2022 chegou ao pior resultado dos últimos cinco anos. Foram retiradas do solo 8,6 milhões de toneladas da oleaginosa.
Dados divulgados ontem (26) pelo governo do Estado com base no Sistema de informação do Agronegócio (Siga-MS) apontam redução de 4,1 milhões de toneladas considerando a estimativa inicial-que seriam colhidas 12,7 milhões de toneladas de soja . A redução gera prejuízos calculados acima de R$ 12 bilhões.
A projeção realizada pela reportagem do Correio do Estado é norteada nos dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), com base no relatório do Siga-MS e consultoria técnica de agentes do setor.
O preço médio da saca de soja com 60 kg era comercializado pelo preço médio de R$ 180 ontem em MS, considerando que 4,1 milhões de toneladas são 68,333 milhões de sacas de soja, o prejuízo estimado para a safra de soja 2021/2022 é de R$ 12,2 bilhões.
A área ocupada pelas lavouras em Mato Grosso do Sul neste ciclo foi de 3,748 milhões de hectares, o que projetava uma safra recorde caso se concretizasse a produtividade média esperada de 56 sacas por hectare.
A estiagem dos últimos meses do ano passado interferiu no desenvolvimento das plantas e provocou perdas significativas em grande parte das lavouras. A produtividade média caiu de 56 sacas por hectare para 38,65 sc/ha.
Apenas 30 dos 77 municípios apresentaram produtividade acima da média estadual.
Ponderada para Mato Grosso do Sul manteve-se baixa devido às produtividades em alguns municípios como Maracaju, Sidrolândia, Ponta Porã, Dourados e Rio Brilhante, que foram abaixo de 46,78 sc/ha e, juntos, possuem o peso de 34% na média estadual”, aponta o relatório dos técnicos do Siga-MS.
Os municípios de Rio Negro, Alcinópolis, Costa Rica, Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste, Sonora, Paraíso da Águas, Cassilândia e Coxim obtiveram as produtividades mais altas, acima de 64,38 sc/ha.
O que o Estado deixou de colher foi um volume equivalente ao que exporta todos os anos, de 4 milhões de toneladas de soja. O titular da Semagro, Jaime Verruck, chama a atenção para o impacto econômico junto às famílias produtoras.
“Muitos produtores estavam cobertos com o seguro agrícola, outros não, mesmo assim há um impacto direto na renda desses produtores e uma perda econômica significativa para Mato Grosso do Sul”, avalia
Milho
A segunda safra 2021/2022 também deve ser concluída com prejuízos no Estado.
A produção é estimada em 12 milhões de toneladas do grão com área produzida de 1,997 milhão de hectares e produtividade de 78 sacas por hectare.
No entanto, na sexta-feira (22) a região sul de Mato Grosso do Sul foi atingida por tempestade e queda de granizo, o que devastou lavouras de milho e afetou a produção de frutas, hortaliças e as pastagens para o gado na região, principalmente em Ponta Porã e Antônio João.
A equipe técnica da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), está monitorando os agricultores familiares prejudicados. De acordo com coordenador regional da Agraer em Ponta Porã, Antônio Carlos Peixoto, cerca de 500 produtores rurais dos assentamentos Itamarati I e II tiveram suas atividades produtivas afetadas.
“A maioria das lavouras de milho safrinha atingidas estava em sua fase reprodutiva e parte em enchimento de grãos”, destaca Peixoto.
Entre os produtores, alguns tiveram perdas de até 100% da produção e outros com menor proporção.
“Alguns produtores possuem seguro agrícola ou o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), sendo que, nesses casos, é recomendado acionar as seguradoras e realizar a comunicação de perdas”, detalhou o coordenador.
Ainda de acordo com o relatório da Agraer, os prejuízos com o evento climático devem passar de R$ 19 milhões na safrinha. Já as perdas de produção na bovinocultura leiteira, só poderão ser estimadas nos próximos dias.
“A Agraer irá acompanhar/monitorar os impactos na produção de grãos, fruticultura, olericultura, pecuária de corte e de leite, junto aos agricultores familiares, dessa forma, elaborar novos laudos técnicos, caso seja necessário”, detalha o relatório.
Fonte: Correio do Estado