Em todo o Mato Grosso do Sul, o Corpo de Bombeiros já registrou 357 ocorrências de combate a incêndios a mais neste ano do que o observado em todo o 2022 e, o tempo seco, que torna o tempo ainda mais propício para queimadas, deve durar pelo menos por mais 10 dias.
Conforme o meteorologista, Vinicius Sperling, Campo Grande está há 52 dias sem chuvas significativas, sendo que a precipitação observada em 13 de julho foi menor que 5 mm. Esses quase dois meses, com o clima mais seco, é observado em Bataguassu; Rio Brilhante; Sonora e Três Lagoas.
Ainda, municípios como Iguatemi já estão há 53 dias sem chuva, enquanto os costa-riquenses são outra parcela da população do Estado que não vê chuva acima de 6 mm há pelo menos 50 dias.
Vale ressaltar que o último fim de semana ocorreram índices recordes de umidade do ar mínima, e temperatura máxima, em diversos municípios, sendo que a região do extremo sul do Estado deve ser uma das primeiras a avistar chuva, mais tardar entre terça e quarta-feira.
“Porém, a região central, leste, norte, nordeste e pantaneira continua com tempo seco. Olhando uma janela de previsão para os próximos 10 dias, não há mudança significativa nesse cenário de tempo seco e altas temperaturas… principalmente Campo Grande, norte e faixa leste do MS”, frisa Sperling.
Ainda, segundo o profissional, caso ocorra alguma chuva antes disso, o volume deve ser baixo e insuficiente para reverter esse cenário mais seco, sendo o “combo” perfeito da com a falta de chuva para tornar o ambiente atmosférico mais propício para ocorrência de incêndios florestais.
Ocorrências de incêndio
Registros de ocorrência do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) que envolvem incêndios em vegetação, indicam que o ano passado foram atendidas 1.556 pelo Comando de Bombeiros do Interior (CBI) somadas aos casos acompanhados em Campo Grande pelo Comando Metropolitano de Bombeiros (CMB), sendo 720 e 836 situações respectivamente, em todos os 12 meses de 2022.
Já os números deste ano, somados até por volta de julho, já indicam um aumento de 357 ocorrências, sendo 950 atendidas pelo CBI e outras 963 pelo CMB, totalizando 1.913 casos.
Corumbá é uma das regiões que explicitam esse aumento de casos, com o município saltando de nove incêndios em vegetação, observados em junho, para 21 no mês seguinte, sendo outros sete atendidos até então no mês de agosto.
“Nas últimas semanas, percebemos que tem aumentado bem o número de incêndios em vegetação na área urbana”, aponta a aspirante do Corpo de Bombeiros Maria Ester.
Ainda, a oficial destaca que, mesmo sendo crime ambiental, o hábito de colocar fogo em terreno baldio e resíduos é constantemente praticado, sem encontrar a barreira natural dos dias mais úmidos.
“Quando o tempo seca da maneira como está agora, o fogo consegue se alastrar com facilidade por não ter umidade na vegetação, o que faz com que as pessoas percam o controle das chamas e nos acionem. Claro que existem os incêndios causados por bitucas de cigarro também, bem como por caco de vidro. Mas não seria o suficiente para causar o aumento que estamos enfrentando”, comenta.
Riscos à saúde
Entre os problemas decorrentes da baixa umidade do ar encontram-se:
- – Complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas;
- – Sangramento pelo nariz;
- – Ressecamento da pele;
- – Irritação dos olhos;
- – Aumento do potencial de incêndios em pastagens e florestas.
Também, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC/MS) faz questão de detalhar a chamada “Escala psicrométrica”, que traz a classificação dos estados de criticidade relativos à umidade relativa do ar.
Entre 21 e 30% considera-se um “estado de atenção”, sendo necessário evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 15 horas; umidificar o ambiente por meio de vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água, molhamento de jardins, etc.
Além disso, recomenda-se um elevado consumo de água e, sempre que possível, permanecer em locais protegidos do sol.
Já para o chamado “estado de alerta”, quando a umidade relativa figura entre 12 e 20%, os cuidados a serem tomados envolvem a não realização de exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10 e 16 horas, além da recomendação do uso de soro fisiológico para olhos e narinas.
Fonte: Correio do Estado