Renda do trabalho bate recorde no Centro-Oeste e no Norte em 2023

A renda média do trabalho bateu recorde em 2023 em duas regiões do Brasil: Centro-Oeste e Norte. É o que apontam dados divulgados nesta sexta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Conforme o órgão, o quadro pode refletir o desempenho positivo de atividades econômicas como agropecuária e indústria extrativa. Ambas têm forte presença no Centro-Oeste e no Norte.

Esses setores, embora não sejam grandes empregadores, têm condições de espalhar impactos positivos ao longo da economia, incluindo o mercado de trabalho de outros segmentos, segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

“O aquecimento do seu mercado, do desempenho econômico, pode trazer, sim, esse efeito de extravasamento para a economia local, demandando mais trabalhadores nos serviços, no comércio”, disse a pesquisadora, ao ser questionada em entrevista coletiva.

Em 2023, o rendimento médio mensal habitualmente recebido em todos os trabalhos foi estimado em R$ 3.418 no Centro-Oeste. É o maior das cinco grandes regiões.

O valor equivale a uma alta de cerca de 8% em relação a 2022 (R$ 3.162). Com isso, também renovou o recorde local na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

O levantamento teve início em 2012. O recorde anterior do Centro-Oeste havia sido registrado em 2014 (R$ 3.367).

No Norte, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos chegou a R$ 2.416 em 2023, máxima da série local. A alta foi de aproximadamente 11% ante 2022 (R$ 2.173).

Os resultados são calculados em termos reais. Ou seja, incorporam o ajuste pela inflação ao longo da série. São analisados apenas recursos obtidos com o trabalho –benefícios sociais, por exemplo, não entram nas contas.

Conforme Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, faz sentido que Centro-Oeste e Norte tenham registrado recordes, já que as commodities agrícolas e extrativas tiveram destaque nos últimos anos em termos de volume de produção ou de nível de preços.

“Elas têm sido o carro-chefe do crescimento, não só do PIB, e também de indicadores de emprego e renda, como do Centro-Oeste e do Norte”, afirma Vale.

Para 2024, ele espera um crescimento menos intenso do rendimento nessas regiões. A safra agrícola, por exemplo, deve ficar abaixo do ano passado em meio a problemas climáticos no Brasil.

“Neste ano, a ideia é um cenário mais parecido entre as regiões. Não deve ter um grande fator como alavanca regional para separar uma região das outras”, diz o economista.

Sudeste, Nordeste e Sul também registram alta

Conforme o IBGE, Sudeste, Nordeste e Sul também tiveram aumento na renda média em 2023, apesar de o trio não ter renovado as máximas da Pnad.

No Sudeste, o rendimento foi estimado em R$ 3.389 em 2023, após marcar R$ 3.147 em 2022. O novo valor é o terceiro maior da série, atrás dos dados de 2014 (R$ 3.439) e 2020 (R$ 3.451).

Em 2020, porém, a pandemia afastou do mercado principalmente os informais, que costumam ganhar menos. Isso acabou afetando a composição do indicador –o rendimento médio é calculado a partir da divisão dos salários pelo número de trabalhadores ocupados.

No Nordeste, a renda subiu a R$ 1.991 em 2023, após registrar R$ 1.889 no ano anterior. O novo valor é o quinto maior da série local. Os maiores patamares do Nordeste ocorreram em 2014 (R$ 2.039) e 2020 (R$ 2.178), segundo a Pnad.

No Sul, o rendimento aumentou para R$ 3.225 no ano passado, depois de marcar R$ 3.083 em 2022. O novo valor é o quarto maior da série local. A máxima foi registrada em 2014 (R$ 3.277).

No Brasil, o rendimento alcançou R$ 2.979 por mês na média de 2023. A alta foi de cerca de 7% ante a mínima de 2022 (R$ 2.780). O novo valor é o terceiro maior da série nacional, atrás de 2014 (R$ 2.989) e 2020 (R$ 3.028).

 

Fonte: Correio do Estado

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