A possibilidade real de o secretariado do governador eleito Eduardo Riedel (PSDB) não contemplar representantes do PT e do PP, partidos que foram cruciais para a sua vitória no 2º turno das eleições, já provoca as primeiras rusgas.
A reportagem do Correio do Estado levantou que os nomes que antes eram dados como certos nas secretarias de Estado de Educação (SED) e de Saúde (SES) – do deputado estadual reeleito Pedro Kemp (PT) e do deputado federal reeleito Dr. Luiz Ovando (PP-MS), respectivamente – não estariam mais incluídos na lista que será anunciada na terça-feira (20).
Para as duas pastas, Eduardo Riedel deve adotar uma solução caseira, nomeando Edio Antonio Resende de Castro (atual secretário-adjunto da SED) ou Helio Queiroz Daher (atual superintendente de Políticas Educacionais da SED) para a Educação e mantendo Flávio Brito no comando da SES.
Essa probabilidade caiu como uma bomba para as lideranças do PP e do PT, que julgam uma falta de consideração com as duas legendas, que tanto contribuíram para a vitória do governador eleito no 2º turno do pleito.
O ex-governador e deputado estadual eleito Zeca do PT revelou para a reportagem que Eduardo Riedel ainda não chamou as lideranças do partido para discutir quais espaços a sigla poderia ocupar dentro do futuro governo.
“O PT foi fundamental na vitória dele no 2º turno e esperamos uma proposta nesse sentido. Se o partido entender que foi contemplado, respeitado e considerado, vai analisar e se manifestar, mas, como isso não aconteceu até agora, o caminho a seguir será fazer um apoiamento crítico na Assembleia Legislativa, ou seja, votar a favor daquilo que for importante para o Estado”, disse o parlamentar.
Ele reforçou que a preocupação central do partido é uma atenção especial aos mais pobres, em áreas como agricultura familiar, assistência social, habitação popular e educação.
“Esses são espaços com que o PT gostaria de ser contemplado no governo Riedel, mas, caso não seja, vamos trabalhar na Assembleia Legislativa com independência e propondo emendas no orçamento, pois é inadmissível que em um orçamento de R$ 22 bilhões não se tenha recurso carimbado para esses setores”, ponderou.
Zeca do PT ressaltou que, como o partido não foi chamado até agora, o caminho deve ser o de independência na Assembleia Legislativa.
“O governador eleito anunciou a maioria dos secretários e já percebemos que não tem nenhum espaço para o PT até agora. Outra coisa que deixo claro é que vou propor uma emenda para utilizar parte dos recursos do Fundersul, que tem R$ 1,5 bilhão apenas para asfaltar cidades e estradas usadas por fazendeiros. Quero 20% do Fundersul para asfaltar as estradas de acesso aos núcleos da agricultura familiar, onde se concentram assentamentos, comunidades indígenas e comunidades quilombolas”, avisou.
O descontentamento com a falta de espaços no futuro secretariado de Eduardo Riedel não é exclusividade do PT, pois o PP também não está feliz com a ausência de aceno para o partido.
De acordo com fontes ouvidas, esse silêncio do governador eleito quanto à nomeação de alguém da sigla para alguma secretaria incomoda e demonstra que o PP estaria em baixa com a equipe de Riedel. Porém, a presidente estadual da legenda, senadora eleita Tereza Cristina, não comentou sobre esse fato.
Já o deputado federal Dr. Luiz Ovando informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não recebeu nenhum convite para ocupar a SES, mas disse que, caso tivesse recebido, teria de pensar para saber se valeria a pena.
No entanto, pessoas próximas ao parlamentar revelaram que ele não teria gostado dessa falta de consideração, afinal, Luiz Ovando, ao lado de Tereza Cristina, trabalhou com afinco para que a candidatura de Eduardo Riedel fosse a vencedora no 2º turno das eleições.
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Na terça-feira, o governador eleito anunciou os nomes de cinco dos 11 secretários estaduais da sua gestão, que se inicia no dia 1º de janeiro de 2023, e adiou para a próxima terça-feira os seis nomes restantes.
Apesar de não adiantar nada, ele não descartou que os próximos anúncios contemplem partidos aliados, como o PT e o PP, porém, não deu certeza de que isso seria possível.
Os cinco primeiros anunciados foram Eduardo Rocha (Casa Civil), Flávio César (Sefaz), Ana Nardes (SAD), Hélio Peluffo (Seilog) e Ana Carolina Ali (PGE), nomes que já tinham sido adiantados pela reportagem.
“Os partidos aliados fazem parte do processo de conversa sobre política pública, agora, os quadros serão escolhidos não só por uma questão de alinhamento da política pública. Vou preservar muito a capacidade de cada nomeado, tentar conduzir nesse sentido, aí pode ser de qualquer partido ou agremiação”, declarou o governador eleito.
Ele reforçou que cada pessoa tem sua história, trajetória e conhecimento, seja pelo serviço prestado ou pela contribuição ao coletivo.
“A gente falou na campanha o tempo todo que devemos observar uma política cada vez mais orientada para o resultado, para servir as pessoas, e isso não tem nada a ver com não aceitar indicações partidárias ou de agremiações. Nós temos de garantir que as pessoas chamadas tenham o conhecimento compatível com a área a ser desempenhada”, completou.
Fonte: Correio do Estado