Rota Caipira: Aliança entre PCC e CV pode ter atuação conjunta no tráfico de cocaína boliviana

A aliança entre PCC (Primeiro Comando da Capital) com o CV (Comando Vermelho) pode significar uma atuação conjunta entre as facções criminosas no tráfico de cocaína, que sai da Bolívia, fronteira com Mato Grosso Sul. Na década de 90, começou a expansão do PCC no Estado.

Chamada de Rota Caipira, a droga sai da Bolívia na fronteira com Corumbá e de lá segue para São Paulo, onde é distribuída para o restante do país. Em Mato Grosso do Sul, o PCC majoritariamente é quem domina não só o tráfico de drogas como de armas.

Com a trégua e aliança entre as facções, o tráfico de cocaína que sai da Bolívia pode ter atuação conjunta, o que preocupa as forças de segurança. Depois que a droga chega ao Porto de Santos, segue para países da Europa e África; e a rota do Solimões, na Floresta Amazônica, dominada pelo Comando Vermelho, segundo o Portal UOL.

Com o acordo de paz entre as facções, pelo menos 37 presos do PCC pediram transferências para presídios onde estão criminosos do CV. Com isso, o receio é de que esteja sendo arquitetado um plano para que Marcos Willians Camacho, o Marcola, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, líderes do PCC e do CV, sejam resgatados dos presídios.

Em questionamento à Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), se ocorreu algum pedido de transferência de faccionados do PCC de presídios de Mato Grosso do Sul, foi informado que por questões de segurança não são repassados estes tipos de informação.

Expansão PCC em Mato Grosso do Sul

Foi no Estado onde começou a expansão da facção na década de 90, quando São Paulo tentava isolar lideranças e, sem avisar, trocou presos considerados ‘problemas’ pelos dois líderes da facção que se tornaria uma das maiores da atualidade: César Augusto, conhecido como ‘Cezinha’, que veio para Mato Grosso do Sul; e José Márcio Felício, conhecido como ‘Geleião’, foi levado para o Paraná.

E assim começou a expansão do PCC para outros estados brasileiros. O Governo do Estado na época não tinha ideia que ‘Cezinha’ era líder de uma facção criminosa. “Carismático, tinha facilidade de comunicação. Ele fazia discursos para a massa carcerária”, comentou o promotor de Justiça do estado de São Paulo, Márcio Sérgio, autor do livro Laços de Sangue – A História Secreta do PCC, em entrevista para o Jornal Midiamax sobre a facção criminosa.

Sem restrição alguma dentro da penitenciária sul-mato-grossense, já que ‘Cezinha’ era visto como um preso comum, ele passou a reproduzir no presídio do Estado o mesmo que era feito no interior paulista, segundo o promotor de Justiça e especialista no PCC, Márcio Sérgio. Assim, nasce no Estado o PCC. A facção se espalhou tanto em Mato Grosso do Sul, como no Paraná.

De lá para cá, a facção se especializou e modernizou, criando um organograma, com subdivisões e tarefas específicas. Toda esta ‘modernização’ veio depois de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como ‘Marcola’ e líder da facção na atualidade, que ficou preso por cerca de 1 ano, com Maurício Hernandes, conhecido como ‘Capitão Ramiro’ – militar treinado no Exército da Bulgária.

‘Capitão Ramiro’ foi um dos mentores do sequestro do publicitário Washington Olivetto, que ficou 53 dias em cativeiro entre 2001 e 2002. Após este tempo em companhia do militar, ‘Marcola’ implementou novas diretrizes no PCC, que tem ‘planos de carreira’ no submundo do crime. A facção é do tráfico de drogas, como diz Márcio Sérgio. “Ninguém trafica sem o PCC permitir porque vai ser eliminado pela facção”, diz o promotor.

“O PCC exerce a tirania e se você não se submete, ele (facção) te mata. Exerce poder de vida e morte”, fala o promotor paulista. Em Mato Grosso do Sul, a facção é dominante e detém a rota da Bolívia, de onde sai a cocaína para o resto do país e para a Europa.

Segundo o promotor paulista, a rota da Bolívia é uma das rotas mais importantes para a facção que tentou ‘tomar’ do CV (Comando Vermelho) a rota dos Solimões que fica no norte do país, mas não conseguiu. “Eles querem o monopólio”, disse Márcio Sérgio.

Para o promotor, quanto mais tráfico existir, mais a facção terá poder. “O que o Brasil quer com o tráfico de drogas? Está é a questão”, termina o promotor de Justiça de São Paulo.

 

Fonte: Jornal Midiamax

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