Usar celular enquanto caminha pode ser perigoso para pedestres, alerta pesquisa

Foto: Placa de trânsito adverte sobre pedestres distraídos com celulares — Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Você usa o celular enquanto caminha? O hábito que parece inofensivo, pode ser perigoso. É o que mostra estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). O grupo quer avaliar os impactos que o uso do celular no equilíbrio de pedestres.

Resultados preliminares já foram divulgados em periódicos nacionais e internacionais, relatou o coordenador da pesquisa e professor do Instituto de Saúde Integrada, Gustavo Christofoletti. De acordo com o pesquisador, constatou-se que o uso de celular, tanto para ligação quanto para digitação de texto, interfere na marcha dos pedestres e geram riscos em travessias devido à distração, assim como erros de decisão, redução na velocidade e dificuldades na elaboração das mensagens.

“O uso do celular, da forma como está, tende a trazer muitos problemas para a saúde, acidentes, gastos públicos. As pesquisas na área são muito importantes por promover a discussão sobre o problema que acontece no mundo todo. Por isso, são necessárias políticas públicas e promover a discussão em universidades e escolas. A sociedade precisa buscar formas de harmonizar de maneira saudável o uso de celular”, ressaltou.

Os resultados também revelam que tanto jovens quanto idosos são impactados pelo uso do celular. No entanto, os idosos possuem maior risco devido às alterações naturais decorrentes do envelhecimento.

“Nosso intuito é também alertar sobre o risco para o equilíbrio de fazer tarefas duplas. A pessoa negligencia o que está ao seu redor quando está digitando, ouvindo áudio ou música porque essas tarefas inibem a ação primária de caminhar. Isso afeta a capacidade do pedestre de atravessar uma rua com segurança, de olhar para os lados e, ao não prestar atenção, há maior chance de se envolver com acidentes, de necessitar de cuidados médicos”, apontou o coordenador.

São 100 voluntários com idades e condições físicas variadas, divididos em vários grupos: caminhada com ou sem o celular; ambientes controlados e em ruas públicas; com a presença de obstáculos, irregularidades de calçadas e outras situações reais.

“A ideia é avaliar quais fatores estão mais vinculados ao desequilíbrio de dupla tarefa, se é o sexo, nível de escolaridade, idade, presença de doenças e afecções neurológicas, como a doença de Parkinson”, explica o professor Gustavo.

Conforme o pesquisador, são utilizados equipamentos de ponta para análise de movimentos, entre eles o Baiobit. De origem italiana, ele verifica a angulação e deslocamento, com análise da marcha por meio de sensores de movimentos. Parte da investigação também é feita com o Baroscan, que permite a análise da preensão plantar, a forma como ocorre a descarga do peso no pé de indivíduos parados ou andando, com ou sem o celular.

Fonte: G1

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