Depois de divulgada a informação do avistamento de dois cachorros-vinagres, o mestre em ecologia aplicada (pela USP Esalq), Elson Fernandes de Lima, aponta que a presença de filhotes – que foram capturados em vídeo – é um bom sinal para a espécie rara.
“O fato de ter filhos no grupo, nos permite dizer o óbvio, que é que a espécie está reproduzindo”, comenta ele, que é graduado em ecologia pela Unesp de Rio Claro (SP).
Membro da Casa da Floresta – empresa de consultoria ambiental, com escala nacional -, eles atuam ligados à sustentabilidade, é às questões ambientais e sociais.
“A gente trabalha com restauração Florestal, monitoramentos, licenciamento ambiental, com comunidades tradicionais, indígenas, enfim”, expõe Fernandes.
Elson explica que vários são os motivos que fazem a espécie ser considerada rara, entre eles a própria biologia desses canídeos.
“É que eles são pequenos grupos, ocorrem em baixa densidade na natureza, o que significa que tem poucos individuos para uma paisagem”, aponta.
Além disso, ele ressalta que esses animais utilizam uma grande área ao longo da sua vida, impedindo que outros grupos estejam na mesma região.
“Esse é um motivo natural que acontece com essa espécie, que corre um grande risco de extinção, dado à essa raridade e modo de vida que eles tem”
Elson evidencia que, o fato de encontrar um grupo de cachorros vinagre, isso com adultos e as crias, permite dizer que o ambiente ali em Três Lagoas é propício para reprodução da espécie. “Naquela paisagem (não seja exatamente no local onde foram avistados) – que pode incluir grande área com diversos tipos de uso do solo [tanto as áreas de vegetação nativa, quanto às várzeas e o tipo de produção que tem no entorno] -, possibilita que essa espécie continue se reproduzindo”, finaliza.
Ainda, o primeiro avistamento foi feito (pela equipe do Instituto Tatu Canastra) por câmeras de monitoramento instaladas de forma estratégica em toda extenção do Parque Municipal do Pombo gravaram imagens de dois cachorros-vinagres do mato.
Preservação
O Plano de Ação Nacional para a Conservação do Cachorrovinagre (PAN Cachorrovinagre) pretende “reduzir a vulnerabilidade da espécie ampliando o conhecimento aplicado à sua conservação e a proteção de hábitats adequados, diminuindo a remoção de indivíduos e melhorando o estado sanitário das populações” conta com objetivos específicos e ações para minimizar ou reduzir os problemas e as ameaças que a espécie sobre.
Entre os objetivos é destacado que é necessário:
- ampliar o conhecimento aplicado a conservação do cachorro-vinagre;
- aumentar a proteção e conectividade dos hábitats remanescentes para o cachorro-vinagre,
- em todos os biomas de ocorrência da espécie;
- avaliar e suavizar o impacto da degradação de hábitats sobre as populações de cachorro-vinagre, e
- diminuir a perda de indivíduos da espécie na natureza, especialmente relacionadas à interação direta com homem e cães domésticos. (Colaborou Beatriz Feldens)
Fonte: Correio do Estado
