Cracolândia, aqui não! Cansados do convívio com usuários de drogas, da sujeira e odor fétido na antiga rodoviária, em Campo Grande, um grupo realizou mutirão de limpeza e deixou o local quase irreconhecível.
A ação contou com pessoas que atuam na administração do prédio, moradores do entorno, policiais militares, guardas municipais e até servidores da prefeitura, que levaram um caminhão basculante da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) e recolheram sujeira e entulhos.
Além das calçadas ao redor do prédio, o mutirão também abordou usuários de drogas que ocupavam imóveis desocupados da região. Conforme um dos envolvidos, as reuniões para discutir o assunto começaram no início do ano. Em seguida, guardas foram nomeados para monitorar o local, além de uma eleição que elegeu um síndico e subsíndico.
“Estamos trabalhando desde janeiro, mas, só agora colocamos dois seguranças. É uma medida da direção da administração e também estamos com uma espécie de grupo de inteligência para administrar o prédio, de maneira tranquila, e melhorar com maior brevidade possível. Foi um trabalho nunca antes visto na região”, argumentou.
Ao mesmo tempo, os policiais plantonistas intensificaram as rondas na região. De acordo com o tenente Carlos Roa, do 1° BPM (Batalhão da Polícia Militar), poucas vezes o local ficou tão vazio como está agora. Antes, a cada plantão, ele diz que realizava cerca de 30 abordagens a usuários de drogas, somente na antiga rodoviária e entorno. “Foram abordagens incessantes”, finalizou.
‘Essa droga é só caixão e cadeia’, diz tenente
Durante as abordagens, recentemente um caso chamou a atenção. Desta vez, uma mãe, desesperada, procurava pelo filho usuário de drogas enquanto segurava uma bíblia e fazia orações repetidas por ele. Ao ver a viatura, no dia 15 de abril deste ano, a mulher pediu ajuda e os policiais localizaram o garoto.
“Esse rapaz estava deitado em uma casa abandonada, ele é usuário de drogas. Ela falou o nome dele e nós descobrimos onde ele estava. A mãe estava desesperada e eu perguntei o que ela estava procurando, quando falou o nome do filho e eu a levei até ele. Ao chegar, falei: ‘Sua mãe veio te buscar’. E daí eu lembro que falei para o rapaz: ‘Larga dessa droga que é só caixão e cadeia’. Coloquei os dois na viatura e conversamos bastante”, relembrou o tenente.
No caso desse jovem, que a mãe o procurava, também será proposto uma vaga na comunidade terapêutica para ele. “Esses são, infelizmente, são comuns pra gente. Esses dias abordei um rapaz, ele é neto de uma pessoa influente na cidade e está perdido na cocaína. É algo surreal o que a droga faz com a pessoa. Parece que se transforma em lixo ambulante e vive em um mundo paralelo”, finalizou.
Fonte: Jornal Midiamax