Nem zoológico, nem Bioparque: onça que matou caseiro vai para instituto de São Paulo

Após 21 dias de tratamento no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) de Campo Grande, a onça que atacou o caseiro no Pantanal de Aquidauana, Jorge Ávalo, de 60 anos, foi transferida para o Instituto Amparo Animal, no município de Amparo, em São Paulo.

O instituto é uma ONG sem fins lucrativos e 100% brasileira, fundada e dirigida por mulheres visionárias, desde 2010. Além disso, a unidade já abriga cinco onças-pintadas e três onças-pardas. Este projeto visa, acima de tudo, promover o bem-estar e oferecer qualidade de vida para esses majestosos animais que foram condenados ao cativeiro.

Para manter o projeto, a entidade realiza arrecadações de doações e “apadrinha onças”. O projeto ainda busca soluções para a proteção das onças-pintadas no Pantanal, que sofrem com ameaças e conflitos, como a caça por retaliação.

Onça ganhou 13 kg

Conforme o Governo de Mato Grosso do Sul, o macho adulto passou de 94 kg para 107 kg quando deixou o Cras, na quinta-feira (15). Foram três semanas de tratamento após ser capturada na região de Touro Morto, no Pantanal.

A veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Veterinário Ayty e coordenadora do Cras, explica que o resultado dos exames indicou a necessidade do suporte nutricional e de hidratação do animal. Ele chegou desidratado e abaixo do peso.

“Os primeiros exames deram algumas alterações que eram agudas, mas que, ao longo do período, foram se tornando estáveis. O animal ganhou bastante peso, de forma geral evoluiu bem, devido a uma rotina de alimentação. É um animal carnívoro, então, a base da alimentação dele era a carne, e também a gente dava algumas suplementações de tratamento, medicamento, um hepatoprotetor por causa do fígado, mas não tinha nenhum problema de saúde grave”.

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Onça ganhou peso (Saul Schramm, Secom)

Novo “lar”

O veterinário e responsável técnico da Ampara Silvestre, Jorge Salomão, explicou que o espaço não tem tipo algum de visitação, com foco no bem-estar e na qualidade de vida dos animais.

“Os nossos recintos são todos muito grandes, com grotões de mata nativa, cercados. São o mais próximo possível do que o animal iria encontrar em vida livre. A gente tem recintos a partir de mil metros quadrados, até o maior, de quase seis mil metros quadrados. Recebemos animais que não podem voltar para a vida livre, por diversos motivos, cada um com o seu caso específico”.

Relembre o caso

Na segunda-feira (12), laudo necroscópico que investiga a causa da morte de Jorge concluiu que, no dia 21 de abril, ocorreu um choque neurogênico agudo. Isso confirma que, de fato, uma onça atacou Jorginho – como era conhecido – no coração do Pantanal, em um pesqueiro na região do Touro Morto.

O laudo, de 13 páginas, traz detalhes da causa da morte do caseiro, que ganhou grande repercussão. Segundo o delegado Luis Fernando Mesquita, lotado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, o ataque ocorreu predominantemente na região da cabeça e do pescoço.

“O Laudo Necroscópico foi elaborado e concluiu que a causa da morte procedeu-se em virtude de choque neurogênico agudo, por consequência de ação perfurocontundente em ataque de animal carnívoro de grande porte, onça-pintada. A ação ocorreu predominantemente no segmento superior do corpo, atingindo a cabeça e a coluna cervical”, explicou Mesquita.

Portanto, as investigações continuam, “e o Inquérito Policial será encaminhado ao Ministério Público após a sua regular instrução”, detalhou o delegado.

 

Fonte: Jornal Midiamax

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